Observar assim tão longe através do Universo significa recuar no tempo, uma vez que a luz viajou milhões de anos até chegar a nós.
Esta foi a primeira vez que os astrónomos observaram o processo de formação de um conglomerado com 14 galáxias. É apelidado um proto-conglomerado galático, precursor das maiores estruturas conhecidas no Universo: os enxames de galáxias, 10 biliões (trillion, em inglês) de vezes superior à massa do Sol.
Um proto-conglomerado tão grande como este - designado SPT2349-56 - não deveria ter existido naquela altura, segundo as atuais noções que temos sobre a origem do Universo. Os cientistas acreditam, até agora, que só poderia ter acontecido vários milhares de milhões de anos mais tarde.
"Estamos desconcertados com as consequências" que este evento terá, confessa o astrofísico Scott Chapman da Universidade Dalhousie no Canadá. "Segundo o conhecimento atual, os conglomerados [de galáxias] demoram muito mais tempo a acumular-se e a formar-se. SPT2349-56 vem mostrar que afinal pode ter acontecido muito mais rápida e explosivamente que as simulações [de computador] ou as teorias sugerem", afirmou o cientista envolvido na investigação, citado pela agência Reuters.
"Esta conclusão é emocionante e permite-nos estudar diretamente esta colisão cósmica colossal nos primórdios do Universo", acrescentou o astrónomo da Universidade de Yale, Tim Miller.
Estas investigações foram realizadas com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e do Atacama Pathfinder Experiment (APEX), telescópios do European South Observatory (ESO) no Chile e conduzidas por duas equipas internacionais, lideradas por Tim Miller, da Universidade Dalhousie no Canadá e da Universidade de Yale nos EUA, e por Iván Oteo da Universidade de Edimburgo no Reino Unido.
As conclusões foram publicadas na revista Nature.