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O que precisa saber sobre a ETA

A organização separatista basca ETA anunciou esta quinta-feira formalmente a sua dissolução depois de, durante 60 anos, ter feito mais de 800 mortos numa série de atentados à bomba em nome da independência do País Basco.

O que precisa saber sobre a ETA
Vincent West

Classificada pela União Europeia como uma organização "terrorista", a ETA já tinha anunciado em 2011 que renunciava à violência e em 2017 entregou aquilo que disse ser o último armamento que tinha em sua posse.

Eis algumas respostas importantes para compreender a situação:

O que é o País Basco?


Localizado no norte da Espanha (comunidades autónomas do País Basco e de Navarra) e no sudoeste da França (região de Iparralde), o País Basco é a região em que histórica e culturalmente residem os bascos. A região tem uma cultura própria, associada sobretudo à sua língua, o euskera, e a um movimento nacionalista forte desde finais do século XIX.

O País Basco é conhecido em todo o mundo pela existência a partir de 1959 da ETA, uma organização separatista radical que utilizou a violência e os ataques bombistas como forma de luta para atingir os seus objetivos.


O que é a ETA?


Euskadi Ta Askatasuna ("Pátria Basca e Liberdade" em basco) ou ETA, é uma organização separatista armada que lutou pela autodeterminação do País Basco. Fundada em 1959, durante a ditadura de Francisco Franco, como uma organização de promoção da cultura basca, a ETA evoluiu dez anos depois e transformou-se num grupo paramilitar separatista, lutando pela independência da região histórica do País Basco (Euskal Herria).

Nessa altura também assumiu a ideologia marxista-leninista revolucionária que era popular na época em várias regiões do mundo.A União Europeia e os Estados Unidos classificaram a ETA como sendo uma organização "terrorista".

A ETA foi responsabilizada desde 1968 e até hoje pela morte de mais de 800 pessoas e por ferimentos em milhares de outras, a maior parte delas causadas depois da morte do ditador Francisco Franco em 1975 e do início da transição democrática espanhola que começou em 1977.

O seu atentado ao mesmo tempo mais bem-sucedido e espetacular foi o assassinato, em 1973, do Almirante Luís Carrero Blanco, considerado na altura como o provável sucessor do ditador espanhol Francisco Franco que acabou por morrer dois anos depois.

A ETA renunciou à violência em 2011 e anunciou oficialmente hoje a sua dissolução.


Como é que o Governo espanhol lida com a ETA?


Os vários governos espanhóis sempre recusaram qualquer tipo de negociação com a ETA. Os atentados da ETA levaram à criação de grupos paramilitares formados por membros de forças de segurança que realizaram uma "guerra suja", com o assassinato e tortura de membros da organização separatista, nunca reconhecida pelos vários executivos espanhóis.

Os Grupos Antiterroristas de Libertação (GAL) foram os mais famosos e estiveram ativos entre 1983 e 1987, durante os primeiros anos dos governos do líder histórico do PSOE, Filipe González, que sempre negou que os tenha apoiado.

O atual primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, classificou as cartas, comunicados e vídeos da organização a anunciar a sua dissolução como "ruído" e "propaganda" e sublinhou que a ETA não obteve nada quando matava e assassinava, nem vai obter agora.

Os bascos e a ETA


A imensa maioria dos Bascos rejeita a violência, mas uma minoria reclama ainda a independência da região. A coligação separatista EH Bildu, com 21% dos deputados no parlamento regional basco, é o segundo maior partido da região e defende que os prisioneiros da ETA devem ser transferidos para prisões que fiquem perto da casa dos seus familiares.

Lusa