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Ciudadanos exige eleições antecipadas em Espanha mas rejeita moção de censura do PSOE

O partido liberal espanhol Ciudadanos, aliado do governo Mariano Rajoy, veio hoje reclamar eleições antecipadas em Espanha e avisa que está contra a moção de censura do PSOE contra o presidente do Governo, Mariano Rajoy, um dia depois da justiça espanhola confirmar o esquema de corrupção para financiar o PP no poder em Espanha. Agora, o Ciudadanos admite avançar com uma moção de censura "instrumental" para impedir um futuro governo socialista em Espanha.

Ciudadanos exige eleições antecipadas em Espanha mas rejeita moção de censura do PSOE
Andrea Comas

Um dia depois da justiça espanhola ter confirmado as suspeitas de corrupção no financiamento do partido de Mariano Rajoy e de serem aplicadas penas pesadas a políticos e empresários envolvidos no esquema de conhecido por "caso Gürtel", os aliados liberais do Ciudadanos anunciam agora que vão exigir ao chefe do governo espanhol novas eleições nas próximas semanas. Caso Rajoy não o faça, o Ciudadanos avançará com uma moção de censura, advertiu.

"Vamos pedir a Rajoy para convocar eleições nas próximas semanas e se recusar ou arrastar, estaremos dispostos a apoiar uma moção de censura instrumental", anunciou hoje o secretário-geral do Ciudadanos, Jose Manuel Villegas

Sobre a moção de censura hoje apresentada no Congresso pelos socialistas do PSOE, o responsável disse que o Ciudadanos vai opor-se e pediu aos socialistas que retirem a sua iniciativa.

A moção de censura socialista contra o presidente do Governo espanhol surge 24 horas depois da condenação, com penas pesadas, de uma série de políticos e empresários envolvidos num esquema de corrupção, a que se chamou "caso Gürtel", que ajudou a financiar o Partido Popular (PP), no poder.

O próprio partido do primeiro-ministro foi multado em 245 mil euros por ter beneficiado do esquema ilegal que se baseava em conceder contratos públicos a empresas em troca de dinheiro.

Sem o apoio do Ciudadanos, a moção de censura do PSOE precisa do voto dos partidos independentistas catalães -- Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, esquerda) e Partido Democrático Europeu Catalão (PDeCAT, do antigo presidente do governo catalão, Carles Puigdemont).

A soma dos votos socialistas (84), juntamente com os do Unidos Podemos (67), ERC (nove) e PDeCAT (oito), que já manifestaram publicamente o seu apoio a uma moção para fazer cair o Governo de Rajoy, alcança o número de 168, a que se somariam previsivelmente os quatro deputados do Compromís, os dois do EH Bildu e o deputado da Nova Canária.

Com estes apoios, bastaria um voto para a iniciativa do PSOE ter maioria absoluta, pelo que deveria contar pelo menos com o apoio da Coligação Canária, com um deputado, ou com o Partido Nacionalista Basco (PNV), que tem cinco.

Outros três deputados integrantes do Grupo Mixto, dois do UPN e um do Fórum Asturias, parceiros do PP nas respetivas comunidades, pelo que não é provável que apoiem esta iniciativa.

Entretanto, os nacionalistas bascos e canários deram apoio, na semana passada, ao PP para aprovar o orçamento do Estado, tal como o Ciudadanos , o partido que poderia garantir o sucesso da moção, ao somar os seus 32 votos aos do PSOE e Unidos Podemos.