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PSOE decide hoje se vai apresentar moção de censura contra Governo do PP

A comissão executiva do PSOE reúne-se hoje em Madrid para decidir se apresenta uma moção de censura ao Governo do Partido Popular condenado na quinta-feira pelo seu envolvimento num esquema de correpção de que beneficiou.

PSOE decide hoje se vai apresentar moção de censura contra Governo do PP
Susana Vera

Se os socialistas espanhóis avançarem com esta moção de censura o país poderá mergulhar numa crise política com consequências imprevisíveis.

Um tribunal espanhol aplicou na quinta-feira penas elevadas a uma série de políticos e empresários envolvidos num caso de corrupção que ajudou a financiar o Partido Popular (PP, direita) desde 1999 até 2005.

O PP foi multado em 245 mil euros por ter beneficiado do esquema ilegal que se baseava em conceder contratos públicos a empresas em troca de dinheiro.

O primeiro-ministro, Mariano Rajoy, nunca foi envolvido diretamente no caso Gurtel, como é conhecido, mas os seus cargos de responsabilidade no PP têm levado os opositores a acusá-lo de ter "fechado os olhos" ao esquema.

Uma eventual moção de censura só será bem sucedida se for apoiada pelo quarto maior partido no parlamento espanhol, o Cidadãos (direita liberal) que segundo as sondagens estaria a subir nas intenções de voto, podendo aspirar a ser o primeiro partido na assembleia em caso de eleições.

"Vamos ter de avaliar", disse na quinta-feira o líder do Cidadãos, Albert Rivera, interrogado sobre a possibilidade de apoiar a eventual moção de censura.

O próprio PSOE, segundo maior força política no parlamento, está dividido sobre a questão, visto que as últimas sondagens indicam uma descida nas intenções de voto dos espanhóis no partido.

O Unidos Podemos (extrema-esquerda) e terceira maior força no parlamento é até agora a única força que assegurou o apoio a uma moção, se os socialistas avançarem nesse sentido.
Mariano Rajoy, chamado a prestar declarações ao tribunal, em julho de 2017, declarou na altura que não estava a par dos casos de corrupção quando estes tiveram lugar a partir de 1999 e que ele próprio decidiu, em 2004, cortar as relações que havia entre o PP e Francisco Correa, cujas empresas forneciam serviços a esse partido.

Este empresário, que é considerado o "cérebro" do caso Gurtel, foi condenado na quinta-feira a mais de 52 anos de prisão e Luis Barcenas, um ex-tesoureiro do PP, a 33 anos de prisão e ao pagamento de uma multa de quatro milhões de euros.

Durante o julgamento, Francisco Correa explicou um esquema em que entregava "envelopes" com dinheiro a funcionários públicos e responsáveis políticos eleitos pelo PP, para ajudarem certas empresas "amigas" a ganharem contratos de direito público.

Este é mais um caso de corrupção entre muitos que envolvem membros do PP e que têm levado os eleitores a perder a confiança no PP.

Lusa