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Nicolás Maduro acusa União Europeia de ingerência interna

O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, condenou esta terça-feira a adoção, pela União Europeia (UE), de novas sanções contra a Venezuela e acusou a instituição de querer "meter o nariz" nos assuntos internos do seu país.

Nicolás Maduro acusa União Europeia de ingerência interna
Marco Bello

"Aí vemos um comunicado dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, que de maneira insolente pretende meter o nariz na vida interna da República bolivariana da Venezuela e repetem mentiras insolentes", disse.

Nicolás Maduro falava durante um conselho federal de Governo, transmitido pela televisão estatal venezuelana.

Segundo o Presidente da Venezuela, a partir da Europa olham para os venezuelanos "por cima do ombro", mas "a Venezuela não é colónia de ninguém".

"A Venezuela deve dizer: fora daqui a União Europeia. Já chega de intromissão", frisou, insistindo que a Venezuela é um país democrático, que nos últimos 19 anos realizou 24 eleições, quatro delas em nove meses.

Por outro lado, num comunicado divulgado pelo Ministério de Relações Exteriores da Venezuela, o Governo "condena energicamente" a posição da UE sobre as eleições presidenciais de 20 de maio último.

"A UE confirma a sua atitude de ingerência e hostil (...) resultado da evidente subordinação à errática política externa da administração de Donald Trump (Presidente dos EUA) para a Venezuela", considerou.

Segundo o documento, "nenhuma instância da UE, assim como nenhum dos seus Governos integrantes, conta com competência legal alguma, nem muito menos com acervo moral demonstrável, para questionar as decisões que o povo venezuelano toma no livre exercício da sua democracia".

"As instituições europeias deveriam concentrar os seus esforços em atender e resolver os inúmeros e graves problemas e conflitos sociais, políticos, migratórios e económicos, de que se queixam diretamente os povos europeus, e para os quais não se vislumbram soluções viáveis e aceitáveis", explica.

No comunicado, o executivo venezuelano disse que "sempre procurará manter relações de respeito mútuo e cooperação integral com a UE e os seus Estados-membros", mas que "jamais aceitará intromissões provenientes de potência estrangeira alguma", uma vez que o destino do país está "exclusivamente nas mãos dos venezuelanos".

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) aprovaram na segunda-feira em Bruxelas a adoção de novas sanções contra a Venezuela, na sequência de umas eleições presidenciais que não consideram "nem justas, nem livres".

"A UE atuará com rapidez, de acordo com os procedimentos estabelecidos, com o objetivo de impor novas medidas restritivas, dirigidas e reversíveis, que não prejudiquem a população venezuelana, cuja difícil situação a UE deseja aliviar", sublinhou a declaração conjunta dos chefes da diplomacia do bloco comunitário.

Em 20 de maio, Nicolas Maduro venceu as eleições presidenciais antecipadas na Venezuela, com 68% dos votos, muito à frente dos seus concorrentes, mas com 54% de abstenção.

A oposição boicotou a votação e denunciou a existência de fraude no escrutínio.

Lusa