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Contagem decrescente para a moção de censura em Espanha, Governo de Rajoy perto do fim

O Governo minoritário conservador de Mariano Rajoy deverá hoje ser derrubado com a aprovação, tudo indica, de uma moção de censura apresentada pelo PSOE, que conseguiu o apoio decisivo de um pequeno partido nacionalista basco.

Contagem decrescente para a moção de censura em Espanha, Governo de Rajoy perto do fim
Sergio Perez/ Reuters

O voto anunciado na quinta-feira dos cinco deputados do Partido Nacionalista Basco (PNV) deverá dar ao secretário-geral do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), Pedro Sánchez, a maioria absoluta de 176 lugares necessários para afastar Mariano Rajoy e automaticamente ocupar o seu lugar à frente do executivo espanhol.

"Nós acreditamos que respondemos ao que os cidadãos bascos pedem maioritariamente... votando sim", disse no hemiciclo na quinta-feira Aitor Esteban, porta-voz dos deputados nacionalistas bascos.

Os socialistas espanhóis, que têm apenas 84 deputados num total de 350, deverão conseguir juntar 180 votos com a ajuda do Unidos Podemos (extrema-esquerda), dos nacionalistas bascos e dos independentistas catalães.

Para convencer o PNV, Sánches garantiu que manteria o orçamento para 2018 aprovado na semana passada e que prevê apoios económicos importantes para o País Basco.Aos separatistas catalãs, o líder socialista assegurou que "no seio da nação espanhola há territórios que também sentem que são nações" e avançou que é possível "coexistir no quadro da Constituição".

A grande incógnita é saber quanto tempo é que um Governo liderado por Sánchez se vai poder aguentar com uma maioria considerada muito instável.A provável queda do executivo de Mariano Rajoy, que esteve oito anos à frente dos destinos de Espanha, é provocada depois de vários ex-membros do PP terem sido condenados na semana passada a penas de prisão por terem participado num esquema de corrupção que também beneficiou esse partido.

No debate da moção de censura que começou na quinta-feira, Pedro Sánchez defendeu que Mariano Rajoy devia apresentar a sua demissão na sequência da sentença daquele que é conhecido como o "caso Gurtel", um esquema de corrupção que condenou a pesadas penas de prisão ex-dirigentes do PP.

O partido de Mariano Rajoy também foi condenado ao pagamento de uma multa por ter beneficiado desse esquema fraudulento.Rajoy nunca foi envolvido diretamente no caso Gurtel, mas os seus cargos de responsabilidade no PP levaram os opositores a acusá-lo de ter "fechado os olhos" ao esquema.

A questão que se coloca "é a de saber se esta democracia se pode permitir o luxo de estar ligada durante mais dois anos à corrupção do PP", até às eleições previstas para 2020, disse quinta-feira Pedro Sánchez durante o debate da moção de censura.

Todos os aliados do PSOE têm em comum a sua recusa na marcação de eleições antecipadas, que são reclamadas pelo Cidadãos (direita liberal), o quarto maior partido espanhol com 32 deputados e que, segundo várias sondagens, poderia tornar-se na primeira força política.

Este partido, que tem tirado votos ao PP e ao PSOE, opõe-se a uma série de privilégios que tem o País Basco, assim como à independência da Catalunha.

O Cidadãos retirou o apoio que até agora dava ao PP, mas recusa votar a moção de censura ao lado do PSOE, insistindo na antecipação das eleições.Rajoy recusou até agora apresentar a sua demissão antes da votação da moção de censura, a única forma de se manter no poder o tempo necessário para organizar eleições antecipadas e impedir a chegada ao poder dos socialistas.

Lusa