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Capital do Haiti de novo palco de pilhagens

A capital do Haiti foi este domingo de novo palco de pilhagens, num dia em que os habitantes estavam a tentar voltar à normalidade após dois dias de violência, desencadeada pelo anúncio, entretanto suspenso, do aumento dos combustíveis.

Capital do Haiti de novo palco de pilhagens
Dieu Nalio Chery

Os manifestantes também anunciaram uma greve geral de dois dias a partir de segunda-feira, exigindo a saída imediata do Presidente, Jovenet Moise.

As pilhagens aconteceram no centro de Port-au-Prince, no bairro de Delmas, de acordo com os jornalistas da agência de notícias France Press. Nos arredores da capital estavam hoje a ser construídas novas barricadas.

"Eu acuso os manifestantes, mas é a realidade do país: a partir do momento em que vivemos no Haiti estamos zangados, frustrados com a maneira como as coisas são geridas pelos políticos", disse Alphonse Charles, um habitante de Port-au-Prince, enquanto tirava fotografias aos restos do seu carro queimado, perto de uma das muitas lojas saqueadas e queimadas.

Várias companhias aéreas, como a American Airlines ou a Air France, cancelaram os voos de sábado e de hoje de manhã, podendo prolongar a situação, por falta de pessoal para assegurar os serviços no aeroporto.

Apesar da violência hoje muitos habitantes tentaram retomar a vida normal, sendo visíveis muitos vendedores de frutas e legumes.

No sábado, o primeiro-ministro, Jack Gay Lafontant, anunciou a suspensão, até ordem em contrário, da subida do preço dos combustíveis, a medida que provocou uma escalada de violência no país.

Pouco antes do anúncio, o presidente da Câmara dos Deputados, Gary Bodeau, tinha emitiu um ultimato de duas horas ao Governo para reverter o aumento dos preços sob pena de o Governo ser "considerado demissionário".

Inicialmente, o primeiro-ministro tinha afirmado que o país precisava de aumentar o preço dos combustíveis para equilibrar o orçamento e não deu nenhuma indicação de que o preço iria baixar.

Pelo menos três pessoas morreram na sexta-feira, depois de os manifestantes terem queimado pneus e usado barricadas para impedir a circulação nas maiores ruas de Port-au-Prince. Alguns manifestantes tentaram também incendiar uma bomba de gasolina, mas foram impedidos pela polícia.

No sábado, várias centenas de pessoas atacaram o hotel Best Western Premiere, em Petion-Ville, um dos bairros mais ricos da capital.

Lusa