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Sonda da NASA a caminho do Sol

A NASA lançou esta madrugada a primeira sonda espacial que vai estar mais perto do Sol que algum outro engenho fabricado pelo Homem para tentar responder à questão que intriga os astrónomos: por que razão a coroa solar é muito mais quente que a superfície?

Ilustração da sonda Parker perto do Sol
Ilustração da sonda Parker perto do Sol
NASA/GODDARD SPACE FLIGHT CENTER HANDOUT

Depois de um adiamento no sábado por problemas técnicos, a sonda "Parker Solar Probe" foi lançada a partir da base de Cabo Canaveral, na Florida, pelas 03:31 locais (08:31 em Lisboa).

Revestida de um escudo para a proteger do calor e das radiações intensas, a sonda Parker da NASA será o primeiro objeto construído pelo Homem a enfrentar as condições infernais da atmosfera do Sol: durante 7 anos, passará 24 vezes a 6,2 milhões de quilómetros da superfície do Sol.

Para sobreviver a temperaturas de 1400ºC, tem um escudo protetor feito de um composto de carbono que protege os instrumentos científicos a bordo a uma confortável temperatura de 29ºC.

À superfície, a temperatura do Sol atinge os 5.500ºC. Na coroa, a parte mais exterior da sua atmosfera, visível como um anel durante os eclipses, os termómetros chegam aos dois milhões de graus Celsius.

As sonda tem como principais objetivos investigar as partículas de energia, as flutuações magnéticas e os ventos solares. Os cientistas da NASA esperam obter fotografias para melhor compreenderem "um ambiente tão estranho para nós", diz um especialista sobre o Sol da NASA Alex Young.

De facto, a observação à distância da nossa estrela já chegou aos seus limites. "É preciso ir lá onde as coisas acontecem, onde todas as coisas misteriosas acontecem".

A importância do estudo do Sol

Justificando a importância da missão, que durará sete anos, a NASA salienta que perturbações no vento solar agitam o campo magnético da Terra, que protege o planeta da radiação solar, e interferem com o clima espacial, que pode mudar a órbita dos satélites, encurtar a sua esperança de vida e alterar o funcionamento de equipamentos eletrónicos a bordo, assim como pôr em perigo a vida de astronautas.

A sonda tem o nome do astrofísico norte-americano Eugene Parker, de 91 anos, que apresentou, na década de 50, uma série de conceitos para explicar como as estrelas, incluindo o Sol, libertam energia. Chamou vento solar à 'cascata' de energia do Sol e descreveu todo um "sistema complexo" de plasmas, campos magnéticos e partículas energéticas associado ao conceito de vento solar.

A NASA lembra que Parker teorizou uma explicação para a temperatura extremamente elevada da coroa solar, que, ao contrário do que seria expectável, é mais quente do que a superfície do Sol apesar de ser a camada mais externa da atmosfera.

A sua teoria sugere que erupções solares regulares, mas pequenas, podem causar este calor intenso.

NASA/Bill Ingalls / HANDOUT