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Jornalistas do venezuelano El Universal obrigados a ter o "cartão da pátria" para receberem ordenado

A direção de um dos principais jornais venezuelanos, o El Universal, notificou os trabalhadores e jornalistas de que para receberem o salário devem solicitar o cartão da pátria promovido pelo partido do Governo.

Jornalistas do venezuelano El Universal obrigados a ter o "cartão da pátria" para receberem ordenado
Henry Romero

O pedido, segundo o diário Tal Qual, foi feito durante uma reunião posterior aos recentes anúncios económicos feitos pelo Presidente Nicolás Maduro, entre eles o aumento, em 35 vezes, do salário mínimo mensal dos venezuelanos, que passou de 5,20 bolívares soberanos (Bs.S) para 1.800 Bs.S, de 1,14 euros para 39,50 euros, a partir de 1 de setembro.

Segundo Nicolás Maduro, o Governo venezuelano vai assumir, durante 90 dias, os salários dos empregados das empresas que tenham dificuldades para efetuar o pagamento, que está condicionado à obtenção do cartão da pátria promovido pelo Partido Socialista Unido da Venezuela.

Na reunião, a direção da empresa manifestou que "não pode assumir os novos valores dos salários mínimos anunciados pelo Executivo".

Os jornalistas da empresa ganham atualmente o salário mínimo mensal e os editores numa escala que vai entre os 80 e os 160 Bs.S.

Vários deles já questionaram o que acontecerá com o jornal após os 90 dias durante os quais o Executivo assumirá o pagamento dos salários.

O diário El Universal foi fundado a 01 de abril de 1909 pelo poeta Andrés Mata. É um dos jornais de maior tiragem da Venezuela e tem mantido uma linha editorial crítica das políticas económicas do Presidente Nicolás Maduro e do seu antecessor, Hugo Chávez, que presidiu o país entre 1999 e 2013.

Em 2014 foi vendido a empresários, cuja identidade é desconhecida, mas que fontes não oficiais dizem serem próximos do Governo venezuelano.

Lusa