Meio século para chegar à justiça
Quase meio século depois, o médico que assinou a certidão de nascimento de Ines Madrigal enfrentou a sentença: é condenado por todos os crimes de que é acusado em tribunal: rapto de bebé, falsificação de documento oficial e encenação de parto. O problema é que os crimes prescreveram quando a queixosa completou 18 anos, em 1987.
No entanto a decisão pode não ser a final, podendo ainda ser apresentado um recurso junto do Tribunal Supremo.
O ex-obstetra que durante 20 anos dirigiu a Clínica San Ramon, em Madrid, foi um dos principais atores do caso de tráfico de recém-nascidos que envolveu milhares bebés desde a ditadura de Franco
O bebé cresceu
Ines Madrigal tem hoje 49 anos e é funcionária dos caminhos de ferro espanhóis. É a responsável por levar a tribunal o médico Eduardo Vela: o primeiro arguido no caso que ainda hoje melindra Espanha: o escândalo dos bebés roubados durante a ditadura de Franco.
A imprensa espanhola fala em 3.000 casos denunciados à justiça, mas quase todos acabaram arquivados.
Eduardo Vela enfrentava o cúmulo jurídico de 10 anos pelos três crimes, mas o tribunal de Madrid considerou que os crimes prescreveram.
O caso que ainda hoje faz tremer Espanha
O rapto e venda de bebés em Espanha pode ser dividida em dois períodos: até 1950, eram sobretudo nas prisões franquistas que os bebés eram retirados e entregues diretamente a famílias republicanas e opositoras ao regime. Mais tarde ocorreriam em clínicas ou abrigos para mães pobres e desenraizadas, geralmente geridas por organizações religiosas.