Mundo

Haddad diz-se disposto até a ir a uma enfermaria para debater com Bolsonaro

O candidato presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), Fernando Haddad, disse esta quarta-feira que está disposto a ir até a uma enfermaria para debater com o seu opositor, Jair Bolsonaro, que tem evitado ações públicas por indicação dos médicos.

Haddad diz-se disposto até a ir a uma enfermaria para debater com Bolsonaro
Reuters Photographer

"Nós temos que passar a limpo muita coisa" e, para isso, "vou à enfermaria de sua escolha, não tem problema, os brasileiros precisam saber a verdade, se houver informações falsas, vamos cuidar disso como adultos e não fazendo criancices na internet contando com a boa-fé das pessoas que são crédulas", afirmou Haddad, numa conferência de imprensa com a imprensa internacional.

"Muita gente acredita no que recebe no WhatsApp. Você não tem o contraditório, no debate você tem. Vou em qualquer ambiente que ele quiser, no mais cómodo, eu prometo inclusive moderar o tom, não vou stressar ele, vou falar da forma mais calma possível, docemente", disse Fernando Haddad, reagindo à notícia de hoje que indica que o Bolsonaro não irá participar no debate agendado para quinta-feira.

Bolsonaro foi vítima de um atentado em setembro durante um comício na cidade brasileira de Juiz de Fora e, desde então, permanece afastado de compromissos públicos seguindo recomendações médicas.

Hoje uma equipe médica avaliou o estado de saúde do candidato e recomendou que falte ao primeiro debate da segunda volta das presidenciais, marcado para a próxima quinta-feira.Em resposta, Haddad disse estar disponível para qualquer solução que permita a discussão das propostas políticas para o país.

"Faço o que ele quiser para ele falar o que pensa e debater pelo país", acrescentou. Nestas eleições, Bolsonaro conquistou a preferência dos eleitores recebendo 46% dos votos válidos na primeira volta abrindo grande margem de vantagem perante Fernando Haddad que teve 29% dos votos.

Sobre a polarização que divide Brasil, palco de confrontos entre apoiantes de esquerda e direita nas redes sociais e em ações de rua, Haddad admitiu que o país enfrenta um problema.

"Estamos enfrentando um enorme desafio, porque todo 'establishment' brasileiro apoiam a candidatura da extrema-direita", disse. Contudo, "se conseguirmos unir os partidos progressistas, enviaremos uma mensagem importante para o país, que enfrenta muitos riscos hoje, e não podemos perder a oportunidade de dizer um 'basta' para a escalada da violência", acrescentou.

Na entrevista, o candidato de esquerda também falou sobre a crise na Venezuela, defendendo uma maior liderança diplomática do Brasil para mediar a resolução dos conflitos naquele país.

A segunda volta das eleições decorre no próximo dia 28 de outubro, quando os eleitores escolherão quem será o novo Presidente do Brasil.

Lusa