A vida
Angela Dorothea Kasner nasceu a 17 de julho de 1954, em Hamburgo, na Alemanha Ocidental. Tinha apenas três meses, quando o seu pai, um pastor luterano, recebeu uma posição na paróquia de Quitzow, o que levou a família a mudar-se para a Alemanha Oriental.
Cresceu na cidade rural de Templin, a cerca de 90 quilómetros a norte de Berlim Oriental, e foi na Universidade Karl Marx, em Leipzig, que estudou Física, entre 1973 a 1978. Neste mesmo ano, começou a trabalhar como química numa academia científica, em Berlim Oriental.
Aos 23 anos, Angela casou-se com o colega de faculdade Ulrich Merkel, em 1977, mas acabou por divorciar-se quatro anos depois. Voltou a casar-se em 1998, com o professor e químico Joachim Sauer, com quem mantêm uma relação desde 1981.
A carreira política
A queda do Muro de Berlim foi um fator catalisador na carreira política de Angela Merkel.
Apesar de não ter participado nas celebrações do momento, um mês depois, envolveu-se no movimento da democratização do país, juntando-se ao novo partido Demokratischer Aufbruch (O Despertar Democrático, na tradução literal).
Conseguiu um trabalho como porta-voz no Governo da República Democrática Alemã, nas primeiras e únicas eleições. Dois meses após a reunificação da Alemanha, em 1990, Angela Merkel juntou-se à CDU (União Democrata-Cristã) e, no ano seguinte, tornou-se a ministra das Mulheres e da Juventude, sob o mandado do chanceler Helmut Kohl.
Quando se viu envolvido num escândalo de fundos secretos, Angela Merkel exigiu a sua demissão.
Em 2000, foi escolhida como líder da CDU e, em 2005, tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo de chanceler na Alemanha.
O primeiro Governo de Angela Merkel foi uma "grande coligação" com o Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), de 2005 a 2009. Entre 2009 e 2013, governou com o Partido Democrático Liberal (FDP). Segundo a BBC, a resiliência alemã, o baixo desemprego e as elevadas exportações durante anos aumentaram a popularidade da chanceler. Em 2013, voltou a coligar-se com o SPD.
O declínio político
Angela Merkel foi confrontada com um dos maiores desafios da sua governação com o início da chegada de migrantes e refugiados ao país. Apesar de ter ganho prémios e ter sido reconhecida pelo acolhimento dos migrantes, nem todos ficaram contentes com a sua política de "portas abertas".
Os partidos da extrema-direita ganharam seguidores e a Alternativa para a Alemanha (AfD) começou a vencer terreno. As marchas contra esta política e o islão começaram a ser recorrentes em cidades como Leipzig e Desdren.
O sinal de que o fim da governação de Angela Merkel podia estar para acabar aconteceu em setembro de 2017.
Na altura, a CDU da líder alemã alcançou os piores resultados desde 1949, e a AfD tornou-se a terceira força política no Bundestag. Depois de negociações difíceis, a CDU conseguiu chegar a acordo com o SPD para formar Governo.
Contudo, na passada semana, as eleições regionais na Baviera e Hesse mostraram a desilusão dos eleitores, que voltaram a retirar poder à coligação e garantiram a presença da extrema-direita em todos os 16 Estados Federais da Alemanha.
Perante a situação, a chanceler confirmou esta segunda-feira que não se irá recandidatar à presidência da CDU, em dezembro, e que este será o seu último mandato como chefe de Governo.
"Hoje, é tempo de abrir um novo capítulo", disse Angela Merkel, citada pela Lusa.