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Haddad diz que apenas a comunidade internacional entenderá a nomeação de Moro

O candidato derrotado das presidenciais brasileiras, Fernando Haddad, disse esta quinta-feira que apenas a comunidade internacional será capaz de entender a nomeação do juiz Sergio Moro para o ministério da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro.

Haddad diz que apenas a comunidade internacional entenderá a nomeação de Moro
Paulo Whitaker

"Se o conceito de democracia já escapa à nossa elite, muito mais o conceito de república. O significado da indicação de Sérgio Moro para ministro da Justiça só será compreendido pela mídia e fóruns internacionais", disse Haddad na sua conta da rede social Twitter.

Também outras figuras ligadas ao Partidos dos Trabalhadores (PT), partido pelo qual Haddad concorreu à Presidência brasileira, opinaram acerca do Ministério da Justiça vir a ser liderado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelo julgamento de casos da Operação Lava Jato e pela condenação do ex-Presidente brasileiro Lula da Silva.

Gleisi Hoffmann, presidente do PT, criticou a postura "politizada" do magistrado, afirmando que Moro ajudou mesmo Bolsonaro a ser eleito para a Presidência do Brasil.

"Moro será ministro de Bolsonaro depois de ser decisivo para a sua eleição, ao impedir Lula de concorrer. Denunciamos sua politização quando grampeou (autorizou escutas telefónicas) a Presidente da República (Dilma Rousseff) e vazou para imprensa, quando vazou a delação de Palocci antes das eleições. Ajudou a eleger, vai ajudar a governar", afirmou Gleisi, também no Twitter.

Também a ex-Presidente brasileira Dilma Rousseff deu o seu parecer acerca da nomeação de Moro, criticando a atuação do juíz ao longo de todo o processo eleitoral, afirmando que "o rei está nu".

Em quatro pontos, Dilma condenou as ações de Sergio Moro no Twitter:

A defesa de Lula da Silva também se pronunciou sobre o assunto, tendo dito que os processos levantados contra o ex-Presidente da República e julgados por Sérgio Moro apenas serviram para o afastar politicamente, acrescentado que tudo não passa de uma "perseguição".

"A formalização do ingresso do juiz Sérgio Moro na política e a revelação de conversas por ele mantidas durante a campanha presidencial com a cúpula da campanha do Presidente eleito provam definitivamente o que sempre afirmamos: (...) Lula foi processado, condenado e encarcerado sem que tenha cometido crime, com o claro objetivo de interditá-lo politicamente", pode ler-se no comunicado.

O juiz Sérgio Moro afirmou hoje ter aceitado o convite do Presidente eleito do Brasil para o cargo de ministro da Justiça para afastar o risco de retrocesso no combate à corrupção no país.

"Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado ministro da Justiça e da Segurança Pública na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite", disse em comunicado o juiz do processo Lava Jato, que levou à prisão do ex-Presidente Lula da Silva.

Sérgio Moro ficou amplamente conhecido no Brasil por julgar os casos da operação Lava Jato, uma investigação policial que desvendou dezenas de esquemas de corrupção na petrolífera estatal Petrobras e em outros órgãos públicos do país.

O próximo ministro da Justiça brasileiro é responsável por sentenças de condenação de grandes empresários, ex-funcionários da Petrobras e foi também responsável pela condenação, em primeira instância, do antigo Presidente Luís Inácio Lula da Silva num caso relacionado a propriedade de um apartamento de luxo na costa do estado de São Paulo.

Lusa