Mundo

Papa diz que migrantes na América Central "não são portadores de um mal social"

Francisco está no Panamá, no âmbito das Jornadas Mundiais da Juventude.

Papa diz que migrantes na América Central "não são portadores de um mal social"
Carlos Jasso

O papa assumiu hoje nas Jornadas Mundiais da Juventude a defesa dos migrantes, considerando que "não são portadores de um mal social" na América Central, de onde partem caravanas para os EUA, para fugir à violência, à fome e à miséria.

"Queremos ser a Igreja que promove uma cultura que sabe acolher, proteger, promover e integrar, que não estigmatiza e, acima de tudo, que não generaliza, pela condenação mais absurda e irresponsável, a identificação de qualquer migrante como portador do mal social ", disse o pontífice nas Jornada Mundiais da Juventude (JMJ), que este ano decorrem no Panamá.

Francisco dedicou o seu discurso àqueles que sofrem de indiferença e criticou o conformismo que invade a sociedade e que se tornou na "droga mais consumida" do tempo atual. Disse o pontífice argentino que a Via Sacra de Cristo se prolonga agora na dor daqueles que sofrem a violência, a criminalidade, a exploração, "em que as crianças não desejam nascer" e "em que as mulheres são magoadas na sua dignidade".

Uma dor, afirmou, que se "prolonga numa dor oculta e indignante de quem, em vez de solidariedade por parte de uma sociedade repleta de abundância, encontra rejeição, dor e miséria e ainda é assinalado e tratado como portador e responsável de todo o mal social".

As Jornadas Mundiais da Juventude arrancaram na terça-feira no Panamá e decorrem até domingo, data em que o papa deverá divulgar se a candidatura portuguesa foi a escolhida para organizar as Jornadas em 2022.

Além da presença do papa Francisco, o evento conta com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que se desloca a convite do seu homólogo panamiano Juan Carlos Varela.

A organização da XXXIV Jornadas Mundiais da Juventude espera 200 mil jovens provenientes de 155 países, incluindo 300 portugueses de 12 dioceses e seis congregações e movimentos (Salesianos, Caminho Neocatecumenal, Equipas de Jovens de Nossa Senhora, Juventude Mariana Vicentina, Schoenstatt e Focolares).

A delegação portuguesa inclui também 30 voluntários e seis bispos, nomeadamente Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, Joaquim Mendes, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família e bispo auxiliar de Lisboa, José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, Manuel Felício, bispo da Guarda, D. Nuno Almeida, bispo auxiliar de Braga e Virgílio Antunes, bispo de Coimbra.

As Jornadas Mundiais da Juventude são um primeiro momento de encontro global dos jovens após o sínodo dos bispos que lhes foi dedicado, em outubro de 2018, e no qual foi reforçada a necessidade de continuar a caminhar com os jovens.

Celebradas todos os anos ao nível diocesano e com um intervalo periódico de dois ou três anos, em diferentes partes do mundo, as jornadas foram criadas pelo papa João Paulo II em 1985.

O cardeal patriarca de Lisboa oficializou o pedido para receber as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) no final de 2017 e desde 2012 que em várias reuniões do Conselho Pontifício para os Leigos (CPL), do Vaticano, a hipótese de Portugal tem estado a ser pensada, segundo o 'site'.

As anteriores edições da JMJ realizaram-se em Colónia, na Alemanha, em 2005, Sidney, na Austrália, em 2008, em Madrid, em 2011, com o papa Bento XVI, no Rio de Janeiro, em 2013, e em Cracóvia, na Polónia, em 2016, com o atual pontífice.

Lusa