A empresa Vale, proprietária da barragem que entrou em rutura na passada sexta-feira em Brumadinho, no Brasil, causando 99 mortos e 257 desaparecidos, anunciou hoje que vai negociar acordos extrajudiciais com o Ministério Público para antecipar o pagamento de indemnizações às vítimas.
O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse aos jornalistas que a intenção da empresa é evitar longos processos judiciais que atrasem as indemnizaçõeso, para assim poder chegar a acordo com as diferentes autoridades e com as vítimas para acelerar todo o processo.
"Informamos a procuradora-geral de que queremos acelerar o processo de pagamento de indemnizações e de reparação das consequências do desastre, de forma a diminuir o sofrimento das vítimas", assegurou o presidente da maior produtora e exportadora de ferro do mundo, depois de uma reunião com a procuradora-geral da República do Brasil, Raquel Dodge.
"Estamos preparados para negociar acordos extrajudiciais e assiná-los com a maior celeridade, para que a Vale possa iniciar imediatamente o processo de pagamento de compensações" acrescentou.
O administrador da empresa disse ainda que até agora não há valores definidos e que as quantias terão que ser negociadas com as vítimas, com as autoridades reguladoras e com os Governos do Brasil e do estado de Minas Gerais.
A tragédia ocorreu na sexta-feira à tarde, na cidade de Brumadinho, município em Minas Gerais, devido à rutura de uma barragem de uma mina de ferro, na qual a Vale armazenava toneladas de resíduos minerais.
O acidente causou uma avalanche de resíduos minerais e lama que enterrou as próprias instalações da Vale e dezenas de propriedades rurais, destruindo 270 hectares de terra.
A Vale pretende evitar o que aconteceu com um acidente semelhante há três anos, causado pela rutura de um barragem em Mariana, também no estado de Minas Gerais, que causou a morte de 19 pessoas, tendo sido considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil.
Até o momento, nenhuma das vítimas da tragédia de Mariana foi compensada.
Na época, o acidente foi causado pela rutura de uma barragem da empresa Samarco, em que a Vale detém 50% do capital social.
Após vários meses de negociações, a Samarco e as suas duas proprietárias, a Vale e a australiana BHP Billinton, assinaram, em junho do ano passado, um acordo com o Ministério Público para suspender todos os processos contra as empresas, substituindo-os por uma indemnização de 175 mil milhões de reais (cerca de 42 mil milhões de euros), mas que ainda não foi implementado.
Lusa