O pai da antiga vereadora brasileira Marielle Franco, assassinada há um ano juntamente com o seu motorista, disse hoje que tentaram calar a sua filha, mas "não conseguirão calar quem defende o seu legado".
Numa conferência de imprensa no Rio de Janeiro, cidade onde a vereadora foi morta, Antonio Francisco da Silva declarou que a "angústia" diminuiu após a prisão de dois suspeitos do homicídio, mas sublinhou que não consegue entender as motivações do crime.
"Com a prisão dos dois suspeitos diminui um pouco a nossa angústia. Sempre me perguntei o que é que ela fez para merecer tamanha injustiça. Se ela era uma defensora dos direitos humanos, ela não estava a cometer nenhum crime. Com a prisão desses indivíduos, é muito difícil para mim entender esse motivo. Eu nunca encontrei nenhum motivo para que a minha filha fosse assassinada", frisou o pai de Marielle.
Antonio afirmou ainda que aguarda a condenação dos dois suspeitos, o polícia militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-polícia militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos, e espera que se encontre "quem encomendou o assassinato, se é que foi encomendado".
Na mesma conferência de imprensa, Anielle Franco, irmã de Marielle, reiterou a vontade de encontrar as pessoas que terão ordenado a morte da vereadora.
"Ainda temos muito que avaliar. É uma mistura de sentimentos. Foi um passo grande dado. Esperamos que se consiga descobrir quem ordenou [o assassinato] . É um vazio muito grande que sentimos, só nós sabemos aquilo que estamos passar", referiu.
A polícia brasileira prendeu hoje dois antigos agentes da Polícia Militar no Rio de Janeiro suspeitos dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, noticiou o portal de notícias da Globo, G1.
Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), e defensora dos direitos humanos, foi assassinada na noite de 14 de março de 2018, quando viajava de carro pelo centro do Rio de Janeiro, depois de participar num ato político com mulheres negras.
"É incontestável que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia", afirma a denúncia do homicídio, citada hoje pelo G1, acrescentando que "a barbárie praticada na noite de 14 de março do ano passado foi um golpe ao estado democrático de direito".
Lusa