A Boeing e o organismo que regula a aviação nos EUA dizem que a empresa precisa de mais tempo para corrigir o sistema de controlo de voo que se suspeita ser responsável por dois acidentes que mataram 346 pessoas.
A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) anunciou na segunda-feira que prevê as melhorias finais no 'software' da Boeing para os aviões 737 Max "nas próximas semanas".
A Boeing deveria ter concluído essa tarefa na semana passada, mas o porta-voz da FAA, Greg Martin, esclareceu que a empresa precisa de mais tempo para se certificar de que identificou e respondeu a todos os problemas.
A norte-americana Boeing, sediada em Chicago, ofereceu o mesmo cronograma de tempo para convencer os reguladores de que pode corrigir o 'software'.
"A segurança é nossa primeira prioridade, e vamos adotar uma abordagem metódica e completa para o desenvolvimento e teste da atualização", disse o porta-voz da Boeing, Charles Bickers.
A Boeing precisa de aprovação não apenas da FAA, mas em outros países, incluindo Europa e China, onde as autoridades de segurança que regulam a aviação já indicaram que vão conduzir os seus próprios testes.
Os aviões deixaram de voar um pouco por todo o mundo desde meados de março.
A informação da FAA sugere que as companhias aéreas podem ser forçadas a deixar em terra os seus aviões 737 Max por mais tempo do que esperavam.
As companhias aéreas que possuem jatos Max estão a recorrer outros aviões para preencher alguns voos que deveriam ser garantidos por aquelas aeronaves, enquanto cancelam outros."Estamos cientes de que o regresso ao serviço da nossa aeronave 737 Max pode ser adiada, e a nossa equipa trabalhará com todos os clientes afetados por cancelamentos", disse Ross Feinstein, porta-voz da American Airlines.
A American Airlines apontava para um regresso no final de abril dos seus 24 Max 8s. No fim de semana, a Southwest Airlines anunciou que seus 34 Max 8s serão removidos do cronograma até maio, em vez de meados de abril. A United Airlines desativou os seus 14 Max 9s até 05 de junho.
Entretanto, o regulador da aviação dos EUA e a Boeing aguardam por um relatório preliminar de investigadores etíopes sobre o acidente de 10 de março de um avião MAX 8 da Ethiopian Airlines, que se despenhou logo após a descolagem.
A expetativa é que o relatório consiga determinar se existem semelhanças entre o que aconteceu naquele voo e o acidente de 29 de outubro com o Boeing 737 MAX 8 da Lion Air, no Mar de Java, ao largo da Indonésia.
Os dois acidentes mataram 346 pessoas.
Dados do avião indonésio indicam que os pilotos lutaram sem sucesso contra o sistema automatizado de controlo do avião, que caiu no mar logo após a descolagem. De acordo com relatórios publicados, o mesmo sistema foi ativado no voo da Ethiopian Airlines.
A Boeing está a proceder a alterações no sistema automatizado que serve para evitar que o nariz do avião suba.
As mudanças incluem contar com leituras de mais de um sensor antes que o sistema seja ativado e empurre o nariz para baixo, tornando as ações do sistema mais fáceis de gerir pelos pilotos.Dois pilotos da American Airlines que participaram numa sessão com especialistas da Boeing na semana passada expressaram a sua satisfação com as mudanças efetuadas pelo fabricante.
O piloto chefe da American 737, Roddy Guthrie, disse que a Boeing acrescentou "alguns controlos e equilíbrios que tornarão o sistema muito melhor".
Enquanto isso, o Congresso norte-americano está a averiguar a relação entre a Boeing e a FAA. A Comissão de Transportes e Infraestruturas da Câmara dos Representantes disse na segunda-feira que solicitou registos da comunicação entre a Boeing e a FAA relacionados com a certificação do 737 Max.
Lusa