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EUA pedem contenção a manifestantes e autoridades de Hong Kong

Centenas de manifestantes partiram vidros e destruíram gradeamento para entrar na sede do parlamento.

EUA pedem contenção a manifestantes e autoridades de Hong Kong
RITCHIE B. TONGO

Os EUA pediram esta segunda-feira contenção aos manifestantes e às autoridades de Hong Kong, após a invasão do parlamento em protesto contra a polémica lei da extradição proposta pelo Governo da ex-colónia britânica agora administrada pela China.

"Pedimos a todas as partes que se abstenham de qualquer violência", disse um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.

O mesmo responsável lembrou que Hong Kong baseou o seu desenvolvimento no "respeito pelo Estado de direito e liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de expressão e direito de se reunir pacificamente".

A chefe do Governo de Hong Kong condenou esta segunda-feira os manifestantes que invadiram e vandalizaram a sede do parlamento, mas mostrou-se disposta a dialogar com todos os setores, inclusivamente com a juventude que tem liderado os protestos.

Carrie Lam disse esta madrugada em Hong Kong (norte em Lisboa), numa conferência de imprensa, que espera que a comunidade de Hong Kong reconheça que se deve condenar o protesto e desejou que a sociedade volte ao normal o mais rapidamente possível.

A chefe do Executivo disse ainda sentir-se zangada e triste com a violência e o caos causado pelo protesto sem precedentes desta segunda-feira e voltou a não dar qualquer indicação de que irá retirar definitivamente a lei da extradição que está na génese das quatro manifestações expressivas que se realizaram este mês no território.

Centenas de manifestantes partiram vidros e destruíram gradeamento para entrar na sede do parlamento.

Uma vez lá dentro, pintaram 'slogans' nas paredes, reviraram arquivos nos escritórios e espalharam documentos no chão.

Os manifestantes dizem que Lam não respondeu às suas exigências, apesar dos vários protestos nas últimas semanas.

Ao final da noite a polícia interveio finalmente, depois de avisos feitos aos manifestantes que insistiram em manter-se junto ao edifício e dentro das instalações onde se reúnem os deputados de Hong Kong.

Os manifestantes acabaram por dispersar e, nas ruas desertas, restam apenas capacetes, máscaras e chapéus de chuva num perímetro completamente controlado pela polícia que, às 04:00 (21:00 em Lisboa) começava também a desmobilizar.

Proposta em fevereiro e com uma votação final inicialmente prevista para 20 de junho, as alterações permitiriam que a chefe do executivo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

Lusa