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UE diz que detenções em protestos na Rússia minam liberdades

Mais de mil detidos na Rússia em protesto não autorizado.

UE diz que detenções em protestos na Rússia minam liberdades
Tatyana Makeyeva

A União Europeia (UE) denunciou este domingo a detenção de mais de mil pessoas no sábado numa manifestação da oposição em Moscovo, na Rússia, em que eram pedidas eleições locaos livres e justas em setembro, considerando que minam as liberdades.

Em comunicado, a Alta Representante da UE para Política Externa, Federica Mogherini, considerou que estas prisões e o uso desproporcional de força contra manifestantes pacíficos se insere numa "série preocupante de prisões e ataques policiais contra políticos da oposição dos últimos dias", considerando que "minam seriamente as liberdades fundamentais de expressão, associação e reunião".

A política italiana acrescentou que esses direitos fundamentais estão "consagrados" na Constituição russa, pelo que a UE espera que sejam "protegidos".

Segundo Mogherini, para que as eleições municipais de setembro sejam "um genuíno processo democrático é essencial criar as condições para a igualdade de oportunidades e um ambiente político inclusivo".

No sábado, a polícia russa prendeu mais de mil pessoas numa manifestação não autorizada no centro de Moscovo, em que eram pedidas eleições livres e justas perante a recusa das autoridades eleitorais de registarem 57 candidatos da oposição para as eleições municipais de 08 de setembro.

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Algumas detenções foram feitas de forma violenta e muitos manifestantes foram feridos na cabeça, de acordo com jornalistas da AFP.

O Comité de Direitos Humanos, dependente do Kremlin, tomou posição favorável à oposição e apelou à comissão eleitoral para registar "todos os candidatos" que recolheram o mínimo de assinaturas necessárias, porque o contrário significa ignorar "a vontade de milhares de eleitores".

A oposição russa encara as eleições municipais como um primeiro passo para tentar ter representação na Duma (câmara baixa do parlamento), nas próximas legislativas de 2021.

O líder da oposição extraparlamentar a Vladimir Putin, Alexéi Navalni, foi preso a semana passada, cumprindo uma prisão de 30 dias por incentivar à participação na manifestação.

Ainda antes do protesto foram detidos vários candidatos da oposição com candidaturas rejeitadas pela comissão eleitoral, incluindo Dmitri Gudkov, ex-deputado, Iván Zhdanov, diretor do Fundo da Luta contra a Corrupção (fundado por Navalni), e Yulia Galiámina.

Também foi presa Liubov Sóbol, colaboradora próxima de Navalni e atualmente em greve de fome contra a decisão das autoridades de não a aceitar como candidata.

Os quatro seriam libertados e juntaram-se ao protesto, mas Sóbol, Galiámina e Zhadanov foram novamente presos.

Lusa