Mundo

Trump terá pressionado o PM australiano para tentar descredibilizar investigação de Mueller

Esta é o segundo telefonema de Trump para um dirigente estrangeiro a ser tornado público no espaço de uma semana.

Trump terá pressionado o PM australiano para tentar descredibilizar investigação de Mueller
Jonathan Ernst

O Presidente dos EUA pressionou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para tentar obter informações que desacreditassem a investigação de interferência russa nas eleições presidenciais. A notícia está a ser avançada pelo The New York Times.

Trump terá pedido diretamente a Morrison para ajudar o procurador-geral dos EUA, William Barr, nesta investigação, garantem dois altos funcionários norte-americanos ao jornal.

A Austrália já confirmou o telefonema: "O governo australiano esteve sempre disponível a ajudar e cooperar com os esforços que visam clarificar os aspetos que são objeto de um inquérito", disse um porta-voz do Governo. "O primeiro-ministro confirmou esta disponibilidade mais uma vez numa conversa com o presidente" acrescentou na nota.

Sabe-se agora que a Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica a um pequeno grupo de assessores, tal como fez com o Presidente da Ucrânia.

O telefonema terá sido feito pouco depois de já terem sido desencadeados os procedimentos de impeachment contra Trump na sequência de uma conversa com Volodymyr Zelensky em que o Presidente dos EUA pressiona o líder ucraniano a investigar o filho do rival político, o ex-vice-presidente democrata Joe Biden.

Desacreditar o Relatório Muller

Desta vez, o objetivo do telefonema de Trump era identificar a origem da investigação que culminou com o Relatório Muller, sobre o alegado conluio entre a campanha de Trump e a Rússia em 2016.

O The New York Times afirma que o Presidente dos EUA pediu diretamente a Scott Morrison que investigasse o próprio Governo.

Recorde-se que a investigação que deu origem ao Relatório Muller surgiu após uma denúncia das autoridades australianas ao FBI, depois de um ex-conselheiro de Trump ter dito ao antigo alto-comissário australiano no Reino Unido que Moscovo tinha provas incriminatórias contra a democrata Hillary Clinton.

A investigação de Robert Muller começou em maio de 2017 e implicou processos contra 34 pessoas, incluindo seis ex-assessores de Trump: Paul Manafort, Rick Gates, George Papadopoulos, Michael Cohen, Michael Flyn e Roger Stone, além de 26 cidadãos russos.

A investigação não permitiu concluir que Trump conspirara criminalmente com a Rússia para influenciar as eleições de 2016, mas também não ilibou o Presidente de conluio.

No início deste ano, William Barr iniciou uma revisão da investigação da alegada interferência russa nas presidenciais de 2016, nas quais Trump foi eleito. A missão de Barr é determinar se as forças de segurança ou unidades de inteligência agiram de forma inadequada quando decidiram realizar essas investigações.