Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong preparam-se para celebrar a noite de Halloween, mas à sua maneira: com máscaras da chefe do executivo local, de Guy Fawkes ou do Joker, tudo o que evoca contestação e em claro desafio à proibição de esconder a cara.
A ex-colónia britânica atravessa desde junho a pior crise política desde que foi entregue a Pequim em 1997. As manifestações acontecem praticamente todos os dias para denunciar o retrocesso nas liberdades e a cada vez maior ingerência da China nos assuntos da região semi-autónoma.
Sem chefe nem porta-voz, esta mobilização organiza-se sobretudo através das redes sociais. Para hoje foi lançado o desafio para que o Halloween seja aproveitado esta noite para nova manifestação.
Em quase todos os protestos que têm decorrido desde há cinco meses, muitos contestatários têm usado máscaras, sobretudo para não serem reconhecidos e eventualmente levados a tribunal.
No início de outubro, a chefe do executivo local Carrie Lam, cargo que é designado por Pequim, proibiu a utilização de máscaras.
Longe de ser respeitada, a proibição desencadeou manifestações ainda mais violentas, com actos de vandalismo contra várias empresas acusadas de fazer o jogo do executivo de Hong Kong e de Pequim.
Carrie Lam, Joker ou Guy Fawkes
Esta quinta-feira, os manifestantes começaram a fazer circular na Internet máscaras para imprimir para a noite de Halloween, festividade muito popular na antiga colónia britânica, mas que hoje promete ser mais do que uma festa.
Basta fazer uma rápida pesquisa no Twitter para se encontrar a ligação para o documento no Google Docs com imagens para imprimir. Há máscaras de Lam com as pinturas de Joker, o adversário maléfico de Batman e personagem principal do recente filme com o mesmo nome e que aborda a contestação social; há também uma imagem do Presidente chinês Xi Jinping misturada com Winnie The Poo, o urso de desenho animado da Disney que foi proibido na China quando começou a circular na Internet piadas sobre semelhanças entre os dois.
"Não vai ser uma festa", escrevem num fórum online os organizadores de uma manifestação prevista para esta noite e que não foi autorizada. "Vamos utilizar o Halloween para exprimir as nossas exigências e a nossa insatisfação".
No Apple Daily, jornal associado aos manifestantes, encontra-se uma máscara de polícia para imprimir e recortar com a legenda a explicar que os agentes "são mais assustadores que os fantasmas".
Segundo as agências de notícias internacionais, a segurança policial vai ser reforçada no centro de Hong Kong. A polícia vai nomeadamente exigir a remoção da máscara caso suspeite que a pessoa em causa é um manifestante e não alguém que apenas está a celebrar a festividade.