O empresário Roman Putin, da família do Presidente russo Vladimir Putin, anunciou hoje a intenção de se envolver na política e fundar um novo partido, Gente de Ação, para aceder à Duma (parlamento) e apoiar a política do Kremlin.
"O nosso país necessita de um líder forte, para mais quando estamos no meio de uma crise global. Não há alternativa a Vladimir Putin. Não vai ser [o líder da oposição Alexei] Navalny?", referiu ao diário Kommersant.
Roman Putin, 42 anos, que também foi agente do Serviço Federal de Segurança (FSB, antigo KGB), adiantou que em breve convocará o congresso fundador do Gente de Ação.
O empresário calculou em 16.000 o atual número de apoiantes em 45 regiões do país, e sublinhou que a sua primeira intenção consiste em participar nas eleições regionais de setembro.
No entanto, o principal objetivo da nova formação será garantir representação na câmara baixa do parlamento (Duma) nas legislativas de 2021, onde apenas estão representados quatro partidos, que de forma mais ou menos evidente se identificam com a política do Kremlin.
"Apoiamos plenamente a política do Presidente. Por agora, a nossa atenção dirige-se para as regiões que foram deixadas de lado em algum momento", assinalou.
Apesar de ter admitido abordar a formação do partido com a administração presidencial, assegurou que será financiado com a ajuda de vários apoiantes.
Nesse sentido, Roman Putin esclareceu que a será um partido de ideologia conservadora e centrado na defesa dos empresários.
Entre os seus objetivos, o Gente de Ação pretende reduzir a pressão fiscal sobre os pequenos empresários, aumentar a concessão de créditos bancários em condições vantajosas e lutar contra o monopolismo.
O analista político Alexandr Pozhalov considerou, citado pela agência noticiosa Efe, que os planos do familiar de Putin apenas prejudicarão a imagem do chefe do Kremlin e os seus aparentes planos para se manter no poder até 2036.
Roman Putin chegou a desempenhar o cargo de assessor para a segurança do presidente de câmara da cidade histórica de Riazan.
Após a sua saída do FSB, dedicou-se à aconselhamento de governadores e de grandes grupos financeiros e industriais através de uma empresa de consultoria.
De acordo com os 'media', o Kremlin tem a intenção de incentivar nos próximos meses a fundação de vários partidos políticos minoritários com o objetivo de impedir a entrada no parlamento da oposição extraparlamentar.
A oposição liderada por Navalny rejeita categoricamente a reforma constitucional do chefe do Kremlin, que convocou para 22 de abril um plebiscito para a sua aprovação, apesar de poder ser adiada devido à pandemia da covid-19.
Em caso de aprovação da reforma, Putin poderá apresentar-se à reeleição em 2024, uma medida que a atual Constituição proíbe, ao prever apenas dois mandatos sucessivos para a chefia do Estado.