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Bolsonaro diz que "milhões perderam empregos" por causa das indicações da OMS

Em reação às declarações da OMS sobre pacientes sem sintomas.

Bolsonaro diz que "milhões perderam empregos" por causa das indicações da OMS
Adriano Machado

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, indicou na segunda-feira que milhões de pessoas "perderam os empregos", logo após a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter classificado de "rara" a possível transmissão da covid-19 por pacientes sem sintomas.

"Após pedirem desculpas pela Hidroxicloroquina, agora a OMS conclui que pacientes assintomáticos (a grande maioria) não têm potencial de infetar outras pessoas. Milhões ficaram trancados em casa, perderam seus empregos e afetaram negativamente a Economia", escreveu Bolsonaro na rede social Twitter, ao publicar também uma notícia sobre as recentes declarações da OMS sobre pacientes sem sintomas.

A epidemiologista e principal responsável técnica da resposta à covid-19 da OMS, Maria van Kerkhove, afirmou na segunda-feira que a transmissão da covid-19 por pacientes sem sintomas da doença, como febre ou tosse, parece ser "rara". Contudo, a especialista frisou que há diferença entre assintomáticos e pré-sintomáticos, que são as pessoas que vão desenvolver algum sintoma da doença.

As declarações de Bolsonaro surgem após o Presidente brasileiro ter ameaçado na sexta-feira retirar o país da OMS, depois de acusar a entidade de atuar de forma "política", "partidária" e "ideológica" num momento de pandemia de covid-19.

"Eu adianto aqui, os Estados Unidos saíram da OMS. Nós estudamos isso, no futuro... ou a OMS trabalha sem viés ideológico, ou saímos de lá também. Não precisamos de gente de lá de fora a dar palpite na saúde aqui dentro", afirmou Bolsonaro à entrada do Palácio da Alvorada, a sua residência oficial em Brasília.

"Ou a OMS realmente deixa de ser uma organização política e partidária ou nós estudamos sair de lá", acrescentou.

Bolsonaro aproxima-se assim da posição tomada pelo seu homólogo norte-americano, Donald Trump, que no final de maio afirmou que os Estados Unidos iriam deixar de financiar a OMS e "redirecionar os fundos para outras necessidades urgentes e globais de saúde pública que possam surgir".

"O Trump cortou a grana [dinheiro] deles [OMS] e eles voltaram atrás em tudo. É só tirar a grana que eles começam a pensar diferente", disse ainda Bolsonaro na sexta-feira, fazendo referência ao facto de a Organização ter retomado estudos clínicos com hidroxicloroquina para tratamento da covid-19, fármaco fortemente defendido pelo chefe de Estado brasileiro no combate à pandemia.

Jair Bolsonaro, um dos líderes mais céticos em relação à pandemia da covid-19, chegou a classificar de "absurdas" as medidas de isolamento social adotadas pelos governadores do país para conter o avanço da pandemia e vem apelando, diariamente, à reabertura da economia.