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Magnata eslovaco absolvido do assassínio do jornalista Jan Kuciak em 2018

Tribunal absolveu igualmente Alena Zsuzsova, que tinha sido acusada de cumplicidade no crime.

Magnata eslovaco absolvido do assassínio do jornalista Jan Kuciak em 2018
Radovan Stoklasa

O Tribunal Criminal de Pezinok, na Eslováquia, absolveu esta quinta-feira o magnata Marian Kocner que tinha sido acusado de mandar assassinar o jornalista de investigação Jan Kuciak.

O jornalista Jan Kuciak e a sua namorada, Martina Kusnirova, ambos com 27 anos, foram assassinados a tiro na casa onde residiam em Velka Maca, perto de Bratislava, no dia 21 de fevereiro de 2018,

O tribunal absolveu igualmente Alena Zsuzsova, que tinha sido acusada de cumplicidade no crime.

"O crime foi cometido mas não ficou provado que Marian Kocner e Alena Zszsova ordenaram a morte" do jornalista, declarou a juíza Ruzena Sabova que absolveu os dois acusados de autoria moral do crime.

Kuciak investigava na altura em que foi assassinado as alegadas ligações entre a máfia italiana e figuras políticas e judiciais próximas do ex-primeiro-ministro da Eslováquia, do Partido Social Democrata (Smer).

Os assassínios, em 2018, provocaram uma crise política sem precedentes que provocou a queda do Governo liderado por Robert Fico, e na altura, o chefe da Polícia Nacional foi demitido.

Marian Kocner foi acusado por ter alegadamente ameaçado o jornalista sobre os negócios que desenvolve no país tendo Kuciak publicado nove artigos sobre as atividades do magnata eslovaco. Kocner afirmou que o jornalista não era uma "ameaça".

"Não sou um santo mas não sou um assassino", afirmou o empresário.

No passado mês de abril, o ex-militar Miroslav Marcek foi condenado a 23 anos de prisão depois de ter confessado a autoria material dos crimes.

Os procuradores eslovacos acusaram o magnata Marian Kocner de ter pago a Marcek pelo assassínio do jornalista e da namorada.

Em dezembro de 2019, Zoltan Andrusko que confessou ter servido de contacto com Marcek foi condenado a 15 anos de cadeia, por ter colaborado com a Justiça.

A Procuradoria eslovaca afirmou que Kocner criou uma vasta rede de contactos que envolvem políticos, juízes e procuradores, incluindo o Procurador-Geral da Eslováquia que terá auxiliado o magnata em vários negócios.

Ao longo dos últimos meses, as revelações sobre a teia de contactos levou a várias demissões de juízes, um porta-voz do Parlamento e um membro do gabinete do ministro da Justiça.

O processo sobre os assassínios e as revelações sobre as redes de corrupção tiveram como efeito o afastamento do Smer nas eleições legislativas do passado mês fevereiro.

O Partido Social Democrata estava no poder há 14 anos na Eslováquia tendo sido derrotado por uma coligação de direita.