Milhares de etíopes, incluindo soldados em fuga dos combates na região separatista de Tigray (norte da Etiópia), atravessaram a fronteira ocidental para o Sudão, indicou hoje um funcionário sudanês.
"Os refugiados continuam a afluir, a situação está a mudar de hora a hora", disse Alsir Khaled, chefe da agência sudanesa para os refugiados na cidade fronteiriça de Kassala, citado pela agência de notícias France-Presse.
Desde a passada segunda-feira, "1.000 etíopes atravessaram a fronteira para a região sudanesa de Hamdait, na província de Kassala. Estamos agora a registá-los", acrescentou.
"Ontem chegaram 500 pessoas ao município de Gadaref, incluindo soldados", afirmou a mesma fonte, sem especificar se os militares em causa pertenciam ao Exército etíope ou aos separatistas..
A população e as autoridades locais têm vindo a prestar ajuda aos refugiados etíopes e foi entretanto aberto em território sudanês um centro junto à fronteira com a Etiópia para receber os requerentes de asilo, "antes das pessoas serem enviadas para o campo de refugiados de Chajrab, na região de Kassala", explicou Alsir Khaled.
Entretanto, os esforços e meios exigidos ultrapassam "a capacidade das autoridades [sudanesas] e até agora, as organizações internacionais ainda não deram qualquer apoio", frisou a mesma fonte.
Tigray é uma região separatista no norte da Etiópia, onde Adis Abeba vem a conduzir uma importante operação militar desde 04 de novembro último.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, lançou a operação contra as autoridades da região separatista, alegando responder ao ataque a duas bases do exército federal naquele estado, o que é negado pelos responsáveis regionais.
A Força Aérea etíope lançou até agora vários ataques às posições de Tigray, e em terra foram relatados combates envolvendo artilharia pesada entre tropas federais e forças de segurança separatistas, em particular na zona ocidental da região.