Duas crianças morreram e outras três sofreram ferimentos graves após a explosão de uma granada perdida no campo, há uma semana, no centro do país, disseram hoje à Lusa autoridades e familiares.
As crianças com idades entre os cinco e 12 anos apanharam a granada de mão numa horta junto a Zimpinga, distrito de Gondola, disse à Lusa Cecília António, mãe de três das cinco vítimas.
As vítimas aproveitavam a suspensão das aulas devido à pandemia de covid-19 para apanhar cogumelos para alimentação e venda.
Levaram o engenho para casa e, sentados em seu redor, tentaram abri-lo com recurso a um prego, contou a mãe à agência Lusa.
As crianças ignoraram as faíscas que começaram a surgir e até ficaram "felizes com a descoberta", acrescentou.
"Eles insistiram. Segunda e terceira vez. De repente, explodiu e fez muita poeira" referiu, detalhando que correu para "apanhar as crianças caídas no chão, duas já sem vida".
A mulher, que perdeu um filho e cuida de outros dois dos três internados na ala de cirurgia do Hospital Provincial de Chimoio (HPC), disse que viu as crianças a tentar abrir o explosivo, mas "não tinha ideia do que era".
Nesse Joaquim, mãe da terceira criança internada no HPC, acredita que, de acordo com as informações médicas, todas poderão ter alta até sexta-feira.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) suspeita que a granada tenha sido usada durante a guerra civil moçambicana de 1977 a 1992.
"Tratou-se da explosão de um engenho quase que em estado obsoleto, que matou as duas crianças" disse à Lusa Mateus Mindu, porta-voz da Polícia de Manica.
A zona foi declarada livre de minas pela Operação das Nações Unidas em Moçambique (ONUMOZ), estabelecida no fim da guerra civil.