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UE volta a apelar à Rússia a libertação de Navalny

O chefe da diplomacia europeia pede também uma investigação imparcial ao envenenamento do opositor.

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O chefe da diplomacia da União Europeia considera que as relações com a Rússia atingiram um "ponto muito baixo" na sequência deste caso.

Josep Borrell está em Moscovo, onde voltou hoje a pedir ao ministro russo dos Negócios Estrangeiros Lavrov a libertação de Navalny e uma investigação imparcial ao envenenamento do opositor.

"A minha visita coincide com a detenção e condenação de Alexei Navalny e a detenção de milhares de manifestantes. Como podem calcular, transmiti ao ministro [Sergei] Lavrov a nossa profunda preocupação e reiterei o nosso apelo à sua libertação e lançamento de uma investigação imparcial ao seu envenenamento", declarou Josep Borrell.

O Alto Representante da UE para a Política Externa acrescentou que, ainda que "respeitando integralmente a soberania da Rússia, a União Europeia considera que as questões relacionadas com Estado de direito, direitos humanos, sociedade civil e liberdade politica são centrais para o futuro comum, tanto da UE com da Rússia".

Borrell intervinha no início de uma conferência de imprensa durante a qual foram indisfarçáveis as diferenças entre União Europeia e Rússia em torno do 'caso Navalny' e matérias relacionadas com direitos humanos, e na qual a primeira questão colocada ao Alto Representante da UE para a Política Externa foi sobre alegados 'atropelos' aos direitos humanos e liberdades no espaço comunitário.

O chefe da diplomacia da UE admitiu "surpresa" com algumas questões dos jornalistas presentes, sobretudo uma pergunta relacionada com Cuba, tendo o ministro russo feito um comentário irónico, revelador das tensões em matérias de respeito pelos direitos humanos: "não sei por que está surpreendido, eu em vários países sou questionado sobre a Ucrânia", disse.

Depois de, à entrada para o encontro de hoje em Moscovo, já ter admitido que as relações entre a Rússia e o bloco europeu atingiram um "ponto muito baixo" na sequência da detenção do dirigente da oposição Alexei Navalny, Borrell reforçou na conferência de imprensa que as partes divergem em muitos domínios mas devem cooperar nas áreas de interesse comum.

"Temos de reconhecer que, ao longo dos últimos anos as nossas relações têm sido marcadas por diferenças fundamentais e falta de confiança. Vemo-nos mais com rivais do que como parceiros", admitiu, dando conta, no entanto, do que classificou como tendo sido uma "discussão intensa e franca".

"Ao mesmo tempo há assuntos onde podemos e devemos trabalhar juntos, pois, quando o fazemos, atingimos bons resultados. Continuamos a discordar em muitos temas, mas temos de identificar as áreas em que podemos concordar e cooperar", disse.

Um tema onde definitivamente não parece haver margem de concordância entre UE e Moscovo é o da detenção de Alexei Navalny, a quem Lavrov nunca se referiu durante a conferência de imprensa.

A União Europeia denunciou no ano passado o envenenamento, com um agente neurotóxico militar desenvolvido na época soviética, de que Navalny foi vítima em agosto de 2020 na Sibéria.

Os factos relacionados com o dirigente da oposição da Rússia desencadearam uma série de sanções contra altos responsáveis russos.

Moscovo recusa-se a admitir responsabilidades no "Caso Navalny" e não aceita as acusações de tentativa de assassínio, assim como não reconhece os resultados laboratoriais que identificaram o veneno, que afirma ser "uma conspiração ocidental".

Navalny acusou Vladimir Putin de ter ordenado o assassínio e os serviços de informações russos (FSB) de terem executado a ordem.