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Cidade de Palm Beach vai decidir se Trump pode viver no seu clube

Cumprindo uma condição imposta a Trump, há 30 anos, que o proibia de morar no seu clube se ele quisesse transformar a residência num 'resort', como aconteceu.

Cidade de Palm Beach vai decidir se Trump pode viver no seu clube
Wilfredo Lee

No dia em que arranca o julgamento político do ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, o conselho municipal de Palm Beach, Florida, decide se o empresário pode continuar a viver no seu clube de Mar-a-Lago.

Os membros do conselho vão ouvir a opinião de um jurista sobre se a autarquia pode impedir Trump de morar em Mar-a-Lago, situado na cidade de Palm Beach, cumprindo uma condição imposta a Trump, há 30 anos, que o proibia de morar no seu clube se ele quisesse transformar a residência num 'resort', como aconteceu.

Contudo, essa cláusula acabou por não ficar escrita no acordo, pelo que se levanta agora a polémica sobre se Trump poderá usar o clube de campo como a sua residência, depois de ter abandonado a Casa Branca, em 20 de janeiro.

Tecnicamente, Trump é funcionário da empresa que gere o clube de Mar-a-Lago e o acordo escrito apenas proíbe os seus membros de ali residir.

De acordo com os regulamentos da cidade de Palm Beach, um clube pode fornecer moradia local para os seus funcionários.

Em dezembro, a cidade do sul do Estado da Florida recebeu uma carta de um advogado em representação de um vizinho do clube de Mar-a-Lago exigindo que Trump não morasse lá, alegando que a presença do ex-Presidente na localidade diminuirá os valores das propriedades na zona.

Trump e a ex-primeira-dama Melania Trump mudaram a sua residência da cidade de Nova Iorque para Mar-a-Lago em 2019.

Entretanto, a Trump Organization, a entidade empresarial da família, emitiu um comunicado dizendo que "não há nenhum documento ou acordo em vigor que proíba Donald Trump de usar Mar-a-Lago como sua residência, já que também possui duas outras casas perto do seu clube.

Trump comprou a Mar-a-Lago por cerca de oito milhões de euros, em 1985, quando ela era pertencia a Marjorie Merriweather Post, proprietária da empresa General Foods.

A mansão de 126 quartos tinha-se deteriorado, após a morte de Merriweather Post, em 1973, quando a deixou para o Governo dos EUA como uma possível casa de férias presidencial, tendo sido devolvida pelas autoridades em 1981.

Trump gastou vários milhões de dólares a recuperar a propriedade e quando, no início dos anos 1990, se encontrou em dificuldades financeiras, o empresário disse à autarquia de Fort Lauderdale que não conseguia arcar com os gastos de manutenção e propôs dividir o terreno e construir mansões, o que foi rejeitado.

Em 1993, Trump e a autarquia concordaram que o empresário poderia transformar a propriedade num clube privado, limitado a 500 membros, com uma taxa de inscrição que agora é de cerca de 160 mil euros e com uma anuidade de pouco mais de 10 mil euros.

Segundo o acordo, os membros podem permanecer num quarto por um máximo de sete dias consecutivos e 21 dias por ano - mas não há proibição para os funcionários lá morarem.

Ainda assim, de acordo com artigos de 1993 do jornal Palm Beach Post, o advogado de Trump, Paul Rampell, disse ao conselho municipal que, se o acordo fosse aprovado, Trump seria tratado como qualquer outro membro, tendo acesso aos seus quartos.

A duração da estada de Trump em Mar-a-Lago, antes de ser Presidente dos EUA é desconhecida, mas muitas vezes excedeu sete dias consecutivos enquanto ele esteva no cargo, incluindo visitas de cerca de duas semanas durante as férias de Natal.

Trump já tinha estado anteriormente em confronto direto com a autarquia e com os residentes de Palm Beach, por causa do barulho, do tráfego e de uma gigante bandeira dos EUA num mastro de 24 metros, que o empresário ergueu em 2006, sem as devidas autorizações.