O canguru faz parte da identidade da Austrália e a relação já é bastante antiga. Uma equipa de investigadores identificou a idade de uma pintura rupestre de um canguru que terá mais de 17 mil anos.
A pintura faz parte de um conjunto de obras localizadas na região de Kimberley, no ocidente da ilha, que é considerada uma das maiores coleções de arte rupestre indígena do mundo. Estas pinturas foram identificadas pela primeira vez durante a década de 1990 e, desde então, vários investigadores têm trabalhado em conjunto com líderes indígenas para analisá-las e decifrá-las.
A principal forma de datar as obras rupestres é através da análise do radiocarbono, no entanto isso implica que haja material orgânico no composto usado para criar a pintura, o que muitas vezes não acontece.
Num estudo, publicado esta segunda-feira no Natural Human Behaviour, os investigadores conseguiram ultrapassar a falta de material orgânico nas pinturas e realizaram a datação por radiocarbono de 27 ninhos de vespa, situados acima ou abaixo das 16 pinturas.
Os ninhos localizados acima das pinturas serão mais recentes do que as imagens, mas caso estejam abaixo das pinturas estes serão mais antigos. Seguindo esta lógica, a equipa – composta por cientistas de diferentes universidades – conseguiu atribuir uma idade às obras rupestres.
Os fragmentos de carvão foram a principal fonte de carbono para o cálculo, uma vez que os ninhos eram compostos, principalmente, por lama. Como ocorriam frequentemente incêndios florestais na região, o carvão que foi utilizado na composição dos ninhos era relativamente recente. Para além disso, a existência de fragmentos de material vegetal ou de insetos usados para alimentar as larvas de vespa, também contribuíram para a datação dos ninhos e, por consequência, das imagens.
Segundo o cálculo apresentando no estudo, a maioria das pinturas terão sido realizadas entre 17 mil e 13 mil anos atrás. A mais antiga das pinturas é a de um canguru, que terá entre 17.100 e 17.500 anos.
“Muitas outras datas desse período são necessárias antes que a extensão cronológica total das pinturas ainda visíveis hoje possa ser determinada”, escrevem os investigadores, citados pela CNN.
Este trabalho faz parte de um projeto multidisciplinar para datar as imagens rupestres da região de Kimberley. As pinturas rupestres são uma das primeiras formas de comunicação utilizada pela espécie humana, contendo informações sobre a vivência do Homem pré-histórico. A mais antiga representação de um animal – um porco – que foi identificada até agora tem mais de 45 mil anos de idade e pode ser vista em Sulawesi, na Indonésia.