Mundo

Noiva de jornalista Jamal Khashoggi pede que príncipe herdeiro saudita seja punido

Jamal Khashoggi foi assassinado no consulado do seu país em Istambul.

Noiva de jornalista Jamal Khashoggi pede que príncipe herdeiro saudita seja punido
Arnd Wiegmann

A noiva do jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado no consulado do seu país em Istambul, pediu que se "punisse sem demora" o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, após a publicação de uma reportagem acusando-o de ter validado o assassinato.

"É imperativo que o príncipe herdeiro, que ordenou o assassinato brutal de uma pessoa inocente, seja punido sem demora", disse Hatice Cengiz, em comunicado, acrescentando: "Isto não só pode fazer justiça a Jamal, mas também evitar que atos semelhantes sejam cometidos no futuro".

Na sexta-feira, os Estados Unidos divulgaram um relatório dos serviços de inteligência que admite que o príncipe herdeiro saudita, apelidado de "MBS", "validou" uma operação para "capturar ou matar" Khashoggi.

Washington, entretanto, não anunciou qualquer sanção contra o poderoso herdeiro do trono saudita.

"Congratulo-me com a publicação do relatório americano. A verdade, que já era conhecida, foi reafirmada e agora é definitiva. Mas isso não é suficiente, pois a verdade só faz sentido de servir ao cumprimento da justiça", afirmou Cengiz. "Se o príncipe herdeiro não for punido, isso enviará um sinal para sempre de que o principal culpado pode matar impunemente", afirmou Hatice Cengiz, sublinhando: "Os governos de todo o mundo, a começar pelo governo Biden, devem questionar-se sobre se estão prontos para apertar a mão de alguém cuja culpa foi provada, sem ter sido punida".

Crítico do poder saudita, Jamal Khashoggi, residente nos Estados Unidos e colunista do jornal Washington Post, foi assassinado em 02 de outubro de 2018, no consulado do seu país em Istambul, por um comando de agentes da Arábia Arábia. O seu corpo desmembrado nunca foi encontrado.

Depois de negar o assassinato, Riyadh acabou por admitir que tinha sido cometido por agentes sauditas que agiam sozinhos. Após um julgamento opaco na Arábia Saudita, cinco sauditas foram condenados à morte e outros três a penas de prisão. As sentenças de morte já foram comutadas.

Este caso manchou a imagem do jovem príncipe herdeiro, um verdadeiro homem forte do reino, rapidamente nomeado pelas autoridades turcas como o patrocinador do assassinato, apesar das negações sauditas. A Turquia ainda não reagiu à publicação do relatório norte-americano.