A diplomacia chinesa disse esta sexta-feira que as reuniões com os Estados Unidos, no Alasca, resultaram num "forte cheiro a pólvora e drama", salientando o tom de conflitualidade dos encontros, que prosseguem hoje.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian, disse que as autoridades norte-americanas obrigaram a China a dar "uma resposta solene" aos "ataques sem fundamento" contra a política externa de Pequim.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o chefe das relações exteriores do Partido Comunista Chinês, Yang Jiechi, estiveram reunidos na quinta-feira e prosseguem hoje os encontros em Anchorage, no Alasca, sob um clima de fortes divisões em temas como comércio, tecnologia, direitos humanos e reivindicações territoriais de Pequim sobre Taiwan e várias ilhas nos mares da China.
A China contestou ainda os apelos dos Estados Unidos para maior transparência nas investigações sobre a pandemia de covid-19, que terá tido o seu epicentro inicial na cidade chinesa de Wuhan, em final de 2019.
"Foi o lado dos EUA que provocou a disputa em primeiro lugar. (...) Há um cheiro forte de pólvora e drama desde o início das reuniões. Não era essa a intenção original do lado chinês", disse Zhao, numa conferência de imprensa.
As reuniões, que terminam ao final do dia de hoje, estão a ser um teste à possibilidade de entendimentos diplomáticos entre dois países que não escondem a rivalidade e os pontos de vista antagónicos em relação a muitas áreas.
Os Estados Unidos têm questionado a política externa de Pequim, responsabilizando-a pela quebra de acordos internacionais, desrespeitos pelos direitos de propriedade intelectual e sobre violação de direitos humanos no Tibete, Hong Kong e na região de Xianjing.
Em resposta, a diplomacia chinesa apresentou uma longa lista de queixas contra o comportamento de Washington, que acusou de hipocrisia por atacar Pequim na área dos direitos humanos.
Yang Jiechi acusou os Estados Unidos de não saberem lidar com os seus próprios problemas de direitos humanos dentro de fronteiras.
"A China não aceitará acusações injustificadas do lado dos Estados Unidos", disse Yang.
Antony Blinken, que não escondeu a irritação durante a reunião, ripostou com denúncias sobre a ameaça que a China constitui sobre a estabilidade global e acusou o seu homólogo do Partido Comunista Chinês de "arrogância", dizendo que está "preocupado em teatralizar as negociações, em vez de se centrar no seu conteúdo".