O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou esta terça-feira que prepara um plano para cumprir a decisão do Supremo Tribunal, que determinou a realização do censo demográfico em 2022, após o cancelamento do levantamento este ano.
De acordo com o IBGE, "há necessidade urgente de recomposição do orçamento" para a conclusão de "etapas preparatórias essenciais" ainda ao longo deste ano.
"O projeto descreverá as procuras de recursos a serem transferidos ao Instituto ainda este ano, para que o Censo ocorra no ano que vem - por enquanto, sem data definida. A prioridade, agora, é fechar a proposta, já que há necessidade urgente de recomposição do orçamento", frisou o instituto, responsável pela realização do levantamento demográfico.
Após a elaboração do plano de trabalho, "serão retomadas reuniões com as áreas técnica, consultiva e operacional, que vão definir as melhores condições e o período adequado para realização do censo em 2022", concluiu o IBGE em comunicado.
No mês passado, o Ministério da Economia brasileiro anunciou o cancelamento do censo demográfico deste ano devido à falta de verbas para esse fim no Orçamento do Estado, frisando não haver previsão de data para um novo levantamento.
Já na última sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o Governo Federal está obrigado a tomar as medidas necessárias para realizar o censo no próximo ano.
O censo demográfico no Brasil foi cancelado devido aos cortes realizados, uma vez que perdeu 96% do seu orçamento, que foi reduzido de dois mil milhões de reais (310 milhões de euros) para 71 milhões de reais (11 milhões de euros).
O IBGE, responsável pela realização do censo, já havia informado, num comunicado divulgado em março, que o corte inviabilizava a realização do levantamento.
"Sem o Censo em 2021, as ações governamentais pós-pandemia serão fragilizadas pela ausência das informações que alicerçam as políticas públicas com impactos no território brasileiro, particularmente em seus municípios", indicaram a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, e o diretor de Pesquisas, Eduardo Rios-Neto, num artigo publicado pelo jornal O Globo.
"Para destacar o caso mais em evidência, o da pandemia, o censo demográfico permitirá detalhar a população em risco (por idade e sexo) para campanhas de vacinação, destacando as condições de infraestrutura domiciliar (...) que favorecem maior ou menor difusão do contágio. Além disso, as condições de superação e recuperação no período pós-pandémico serão também calibradas por estes dados", acrescentou o órgão.