A NATO pediu esta terça-feira à Bielorrússia para libertar o jornalista dissidente Roman Protasevich, detido domingo em Minsk depois de o avião em que viajava ter sido obrigado a aterrar na capital bielorrussa.
Segundo o secretário-geral da Organização do Tratando do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, a instituição também exigiu uma "investigação internacional urgente" ao que considerou ser um "sequestro estatal" do aparelho da companhia aérea Ryanair que fazia a ligação entre Atenas e Vílnius.
"A aterragem forçada de um avião comercial foi perigosa e inaceitável", sublinhou Stoltenberg, que falava aos jornalistas antes de o Conselho do Atlântico Norte, o órgão máximo de tomada de decisões da Aliança, se reunir para abordar o assunto.
Stoltenberg, que surgiu perante a imprensa acompanhado pela primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, considerou que o desvio do avião comercial constituiu um "sequestro estatal" realizado pelas autoridades bielorrussas.
"[Tal demonstra] como o regime de Minsk ataca os direitos democráticos mais básicos" e mina a liberdade de expressão e a dos órgãos de comunicação social independentes, sublinhou o secretário-geral da Aliança Atlântica.
Investigação ao desvio do avião
Os 30 aliados decidiram acrescentar a questão do desvio do avião comercial na agenda da sessão ordinária desta terça-feira.
Stoltenberg também exortou o regime de Alexander Lukashenko a libertar "imediatamente" Protasevich e a sua namorada, Sofia Sapega, uma estudante russa da Universidade Humanitária Europeia em Vílnius, que foi também presa.
Tal como já fizera domingo na rede social Twitter, Stoltenberg insistiu na realização de uma "investigação internacional urgente" ao caso.
Por seu lado, a Bielorrússia convidou esta terça-feira os reguladores internacionais de aviação civil, a União Europeia (UE) e os Estados Unidos a investigar o incidente.
Segundo as autoridades de Minsk, foi o piloto do Boeing 737-800, da companhia aérea Ryanair que "tomou a decisão de aterrar" no aeroporto da capital da Bielorrússia "sem qualquer pressão da parte bielorrussa".
Segundo um comunicado do Departamento de Aviação do Ministério dos Transportes da Bielorrússia, as autoridades locais indicaram terem convidado representantes da Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA), da Organização Internacional da Aviação Civil (OACI) e também da Organização Internacional de Transporte Aéreo (IATA)
A Bielorrússia insiste que, no domingo, o aeroporto de Minsk recebeu um 'e-mail' com uma ameaça de bomba assinada pelo movimento palestiniano Hamas, o que foi negado já hoje pelo próprio grupo islâmico.
Líderes da UE concordaram em aumentar as sanções à Bielorrússia
Os líderes europeus concordaram em aumentar as sanções à Bielorrússia. Em causa está o desvio forçado de um voo da Ryanair para Minsk (Bielorrússia) no domingo à tarde, a meio de uma viagem entre Atenas (Grécia) e Vílnius (Lituânia), que culminou com a detenção do jornalista e ativista bielorrusso Roman Protasevich.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, observou que "a opinião no Conselho Europeu foi unânime, [de que] este é um ataque à democracia".
"Trata-se de um ataque à liberdade de expressão e de um ataque à serenidade europeia. E este comportamento ultrajante precisa de uma resposta forte", salientou a líder do executivo comunitário.
O presidente do Conselho Europeu disse que a União Europeia (UE) "não tolera que tentem jogar à roleta russa com vida de civis", condenando o desvio do voo comercial para deter um opositor bielorrusso que seguia a bordo.
"Não toleramos que tentem jogar à roleta russa com a vida de civis inocentes, isso é inaceitável, e a reação de hoje reflete a gravidade dos acontecimentos", afirmou Charles Michel, em Bruxelas.
Falando em conferência de imprensa no final do primeiro dia do Conselho Europeu - depois de os chefes de Governo e de Estado da UE terem decidido avançar com proibições e sanções contra o regime bielorrusso -, o responsável deplorou a "situação absolutamente inaceitável e escandalosa" registada no domingo, com a aterragem forçada de voo da Ryanair em Minsk.
"Tratou-se de uma ameaça à segurança da aviação civil e à segurança internacional", adiantou Charles Michel, vincando ainda que a UE "não respeita" o regime do Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.
Os líderes europeus decidiram na segunda-feira, de forma unânime, "pedir ao Conselho para adotar as medidas necessárias para banir a entrada no espaço aéreo europeu de companhias aéreas da Bielorrússia e impedir o acesso dessas transportadoras aos aeroportos da UE", segundo as conclusões adotadas na ocasião.
Decidiram, também, "pedir às companhias aéreas sediadas na UE para evitar sobrevoar a Bielorrússia" e ainda solicitar "ao Conselho para adotar novas sanções económicas específicas". Nessa tomada de posição, os 27 exigiram ainda uma "investigação urgente" por parte da Organização da Aviação Civil Internacional ao incidente, bem como a "libertação imediata" de Roman Protasevich e da sua namorada.
Charles Michel colocou este incidente na agenda da reunião visando a aplicação de pesadas sanções à Bielorrússia, além das já existentes (de, por exemplo, congelamento de bens) contra o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, e opressores do regime.