Mundo

Prefeito do Rio de Janeiro pede que polícia "investigue mais e mate menos"

Morte de uma grávida numa operação policial soma-se a outros casos de violência policial na região.

Prefeito do Rio de Janeiro pede que polícia "investigue mais e mate menos"
Ricardo Moraes

O prefeito do Rio de Janeiro pediu na quarta-feira que a polícia brasileira "investigue mais e mate menos", lamentando a morte de uma grávida numa operação, que se soma a outros casos de violência policial na região.

Em declarações à imprensa, o prefeito Eduardo Paes, defendeu a adoção de uma nova política de segurança pública no Rio de Janeiro, que permita "que se prenda mais, se condene mais, se investigue mais e se mate menos".

Segundo dados oficiais, nos primeiros três meses deste ano foram registadas 453 mortes de civis em operações policiais no Rio de Janeiro, número 18% superior ao do primeiro trimestre de 2020.

No ano passado, o número de vítimas mortais por intervenção policial no Rio de Janeiro foi de 1.245.

Paes defendeu mudanças na política de segurança pública, que é uma responsabilidade do Governo estadual e não do executivo municipal ou nacional, ao lamentar a morte de Kathlen Romeu, uma jovem de 24 anos, grávida de quatro meses, atingida por uma bala perdida durante uma operação policial na terça-feira, numa favela da zona norte da cidade.

Loading...

"O que não podemos permitir é que se comece a acreditar que essas tragédias são naturais: que uma jovem grávida pode ser atingida por uma bala se sair para caminhar na rua. Não podemos perder a nossa capacidade de indignação com esses acontecimentos. Estamos a falar de pessoas e não de números", disse o prefeito.

O autarca afirmou que a segurança pública é o principal desafio para o turismo no Rio de Janeiro, um dos principais marcos turísticos do Brasil e da América Latina, pelas suas belezas naturais e pelo famoso carnaval.

"Acredito que o que mais reduz o número de turistas que recebemos é a violência. Embora esse não seja o principal problema das pessoas que nos visitam, acabam vendo cenas de gente armada na televisão", explicou.

No mês passado, morreram 28 pessoas, entre elas um agente policial, durante uma operação numa favela do Rio de Janeiro, que foi duramente criticada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por organizações internacionais de defesa dos Direitos Humanos.

A operação policial foi considerada o "maior massacre" da história do Rio de Janeiro e, mais uma vez, acendeu os alertas sobre os abusos dos agentes policiais na cidade, já que a maioria dos civis mortos eram jovens, negros e moradores de favelas, dos quais apenas três eram procurados pelas autoridades.

As irregularidades denunciadas por testemunhas, que asseguram que vários dos mortos foram executados dentro de suas casas e que alguns nem sequer estavam armados, colocaram a operação sob o escrutínio das autoridades competentes.