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População de Pyongyang "destroçada" com perda de peso de Kim Jong Un

A entrevista foi emitida pela televisão estatal da Coreia do Norte, numa altura em que o país atravessa uma crise agrícola.

População de Pyongyang "destroçada" com perda de peso de Kim Jong Un
KCNA KCNA

Um residente da capital da Coreia do Norte disse que a população está “destroçada” com a perda de peso do líder Kim Jong Un. As declarações foram emitidas pela televisão estatal KCTV – que é controlada pelo Governo do país – e poderão ser usadas como propaganda política.

Nas últimas semanas, as imagens de Kim Jong Un mostram que o líder da Coreia do Norte está consideravelmente mais magro. Esta alteração da aparência física surpreendeu os especialistas que estudam o país, avança a CNN. Pyongyang não admitiu oficialmente qualquer alteração do estado de saúde do líder ou a perda de peso.

“A população, incluindo eu próprio, ficou destroçada quando viu o respeitável Secretário-geral [cargo oficial de Kim Jong Un] magro… todos dizem que os fez chorar”, diz o residente de Pyongyang.

A identidade do homem não é conhecida, não se sabe porque foi escolhido nem se a afirmação que faz representa a opinião da maioria da população da capital. No entanto, sabendo que os media da Coreia do Norte são altamente regulados, é pouco provável que a entrevista não tenha recebido o aval do Governo antes de ser emitida na televisão estatal.

Kim Jong Un e a sua família são representados pelos media coreanos como divindades e, quando o assunto é a saúde do líder, a informação é escassa e rara. Em 2014, quando Kim Jong Un desapareceu repentinamente da vida pública, os media reportaram que o líder sentia um “desconforto”, não avançando qualquer informação sobre a razão.

Quando o pai Kim Jong II morreu, em 2011, vítima de um ataque cardíaco, os media estatais reportaram que o antigo líder tinha morrido de “excesso de trabalho” por “dedicar a sua vida ao povo”. Cheong Seong-chang, especialista sobre a Coreia do Norte no Instituto de Sejong, perto da capital da Coreia do Sul, disse à CNN que existe a possibilidade de a perda de peso de Kim Jong Un vir a ser usada como propaganda, mostrando que líder norte-coreano está a “trabalhar excessivamente para tornar a vida das pessoas melhor”.

Coreia do Norte atravessa crise agrícola

No início do mês, Kim Jong Un reconheceu, durante uma reunião política, que o país está com dificuldades em manter o abastecimento de comida necessário. O setor da agricultura ainda está a recuperar dos danos causados pela tempestade, que atingiu o país no último ano, e o fecho de fronteiras, devido à covid-19, está também a prejudicar a importação de alimentos.

Segundo dados oficiais de Pequim, as exportações oriundas da China – o principal parceiro comercial da Coreia do Norte – registaram uma queda de 90% em maio, quando comparado com o mês anterior. Não se conhece qual o motivo para esta descida.

Apesar de não ser conhecido o nível exacto de escassez de mantimentos que existe atualmente na Coreia do Norte, a Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas estima que o país esteja 860 mil toneladas abaixo do que seria necessário para alimentar a população, o que corresponde a cerca de dois meses.

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