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Ativistas de Hong Kong condenados por participação em vigília por Tiananmen

O empresário da área dos media Jimmy Lai e sete ativistas pró-democracia foram condenados esta segunda-feira a penas até 14 meses de prisão.

Ativistas de Hong Kong condenados por participação em vigília por Tiananmen
Tyrone Siu

Foram, esta segunda-feira, condenados a penas até 14 meses de prisão o empresário da área dos media Jimmy Lai e sete ativistas pró-democracia de Hong Kong, acusados de organização ou participação numa vigília não autorizada em memória do massacre de Tiananmen.

Jimmy Lai, fundador do jornal Apple Daily, que já se encontrava preso por organizar ou participar em protestos, é condenado a 13 meses de prisão por incitamento à presença na vigília realizada em 2020 e que tinha sido proibida pela polícia.

As forças policiais argumentam então que a ação não podia ser realizada por causa das medidas aplicadas para travar a propagação da pandemia de covid-19.

O advogado Chow Hang-tung é condenado a 12 meses sob a mesma acusação e a ativista Gwyneth Ho foi sentenciada a seis meses de prisão por participar na mesma vigília.

Além de Jimmy Lai, Chow Hang-tung e Gwyneth Ho, outros cinco ativistas são condenados a penas entre quatro e 14 meses de prisão.

A juíza Amanda Woodcock diz que não considerou a postura política dos acusados, mas "apenas a grave ameaça que o evento representou para a saúde pública" da Região Especial e Administrativa de Hong Kong.

Anteriormente, 16 políticos e ativistas foram também condenados a penas entre os seis e os dez meses de prisão pela participação na vigília do ano passado.

Entre os ativistas que já foram condenados está Joshua Wong, um dos rostos mais conhecidos dos protestos que se registaram em Hong Kong em 2019 e que exigiam mecanismos democráticos para esta região administrativa especial chinesa.

Entre 1990 e 2019, a Aliança de Hong Kong para o Apoio aos Movimentos Patrióticos Democráticos na China (HKA) organizou todos os anos vigílias em memória das vítimas do massacre ocorrido no final da década de 1980 na praça de Tiananmen, em Pequim.

No dia 4 de junho de 1989, o regime da República Popular da China fez avançar o exército para dispersar os milhares de manifestantes concentrados naquela praça que pediam uma abertura política e medidas contra a corrupção.

De acordo com a juíza de Hong Kong, os acusados "ignoraram e menosprezaram a crise sanitária" e consideraram "de forma errónea e arrogante" que a vigília era mais importante.

Na carta que leu em tribunal antes de se conhecer a sentença, Jimmy Lai disse que não entendia qual era o crime sobre o qual estava a ser julgado, referindo-se diretamente à data que assinala a memória dos mortos "devido a atos de injustiça".

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