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Venezuela saiu da hiperinflação, mas são precisas medidas para economia sólida

Economistas dizem que faltam aprovar leis essenciais que estão no Parlamento.

Venezuela saiu da hiperinflação, mas são precisas medidas para economia sólida

A Venezuela saiu oficialmente do ciclo da hiperinflação em que entrou em 2017, segundo dados do Banco Central da Venezuela (BCV). No entanto, os analistas insistem que o país precisa de medidas extras para manter uma economia sólida.

Segundo o BCV, a Venezuela registou, nos últimos 12 meses, uma média inflacionária inferior a 50%, e valores inferiores a um dígito no último quadrimestre de 2021 (setembro 7,1%, outubro 6,8%, novembro 8,4% e dezembro 7,6%).

Os dados do BCV dão conta que os preços dos produtos e serviços na Venezuela subiram oficialmente 231,7% entre janeiro e dezembro de 2021, significativamente menos que os 408,7% registados em igual período do ano anterior.

Segundo o analista económico Tomás Sócias López, “é a primeira vez, em muitos anos” que a inflação na Venezuela cai para um dígito e se mantém durante quatro meses consecutivos.

“Isto graças à intervenção do BCV, que está a colocar (no mercado) entre 30 a 40 milhões de dólares (entre 26,4 e 35,21 milhões de euros) por semana para estabilizar a taxa de câmbio, que é o principal elemento que desencadeia a inflação na Venezuela”, disse aos jornalistas.

No entanto, adverte que “estas não são medidas sólidas que cheguem à base da economia”

“É necessário criar quase quatro milhões de empregos, reduzir o valor da reserva legal, eliminar preferências alfandegárias e baixar os impostos aos produtos que são produzidos no país. Isso é o que cria uma economia sólida e oxalá que o Executivo possa fazer isso durante este ano”, explicou Tomás Sócias López.

Segundo o analista, se na Venezuela “houver turismo, um preço do petróleo de 80 (dólares o barril, 70,41 euros), uma produção petrolífera que poderia exceder um milhão de barris já em janeiro”, isso permitirá um crescimento de entre 1% e 3%, que há anos o país não regista.

Economistas dizem que faltam aprovar leis

No entanto, os economistas defendem que para que a Venezuela tenha uma economia sólida falta aprovar leis que estão no parlamento, como a Lei de Investimentos Estrangeiros, para dar segurança aos investidores, e a Lei de Hidrocarbonetos, para permitir que possam ter mais de 50% na área petrolífera e derivados.

Insistem ainda que é preciso reformar a legislação em matéria de salários e benefícios ou direitos dos trabalhadores e também sobre custos e preços.

Na Venezuela, atualmente, os preços dos serviços e produtos são afixados em dólares norte-americanos e podem ser pagos tanto em moeda nacional como estrangeira.

Com frequência, a população queixa-se que os produtos e serviços sobem de preço, não só em bolívares (moeda nacional), mas também em dólares.

Segundo fontes não oficiais, pelo menos 50% da população recebe o seu ordenado em bolívares (BsD), num país onde o salário mínimo mensal é de 10,00 BsD (à volta de dois euros), com os subsídios incluídos.

Algumas pessoas, que trabalham no setor privado, obtêm entre 25 e 60 dólares mensais (entre 22 e 52,81 euros) de salário.

Pelo menos uma vez por mês, o Estado distribui cabazes com produtos alimentares a preços subsidiados, mas a imprensa local dá conta de que são insuficientes.

Além do emprego fixo, muitas pessoas têm vários empregos temporários, onde obtêm rendimentos superiores ao salário.

Na Venezuela, beber um café custa o equivalente a 1,66 euros. Um quilograma de queijo amarelo 15 euros e de fiambre 13,50 euros. Uma dúzia de ovos 2,24 euros e o arroz, o açúcar e a farinha de milho pré-cozido, pouco mais de 1,1 euros por quilograma.

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