Estados Unidos e Reino Unido decidiram retirar diplomatas das embaixadas em Kiev, capital da Ucrânia. Nuno Severiano Teixeira, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, considera que esta decisão é um “sinal”, mas admite que o problema será “interpretá-lo”.
Para o especialista, existem duas hipótese: “Ou é o indício de que está eminente um ataque militar e é preciso proteger o pessoal diplomático que está nas embaixadas, ou também pode ser para criar o efeito de que há pressão [para levar os Estados Unidos às negociações]”.
O professor recua no tempo para explicar o principal objetivo que Vladimir Putin, Presidente da Rússia, procura alcançar com este aumento de tensão com o ocidente: “Reverte a ordem pós-Guerra Fria.”
“No fim da Guerra Fria não houve tratado de paz, mas houve vencedores e vencidos: a União Soviética perdeu e os EUA e o ocidente ganharam. Como é que se fez essa marcação simbólica dos vencedores e do vencidos? Com o alargamento da NATO e depois da União Europeia. Os antigos inimigos são integrados no ocidente e todo o continente europeu se integra no modelo ocidental.”
Uma das exigências de Putin é, precisamente, a reversão do alargamento da NATO. No entanto, Nuno Severiano Teixeira considera estas não são aceitáveis para os Estados Unidos.
“Eu acho que a Rússia está a colocar-se numa situação de difícil saída“, afirma ainda o professor, sublinhando que tem apenas duas hipóteses: “ou avança para uma invasão – e aí terá custos muitos elevados – ou aceita estas pequenas concessões que podem ser negociáveis por parte dos EUA”. “Mas é muito difícil cantar vitória”, remata.
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