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Mais de 200 mortes de bebés e mães podiam ter sido evitadas num hospital inglês

Revela um relatório sobre cuidados maternos.

Mais de 200 mortes de bebés e mães podiam ter sido evitadas num hospital inglês

Ao longo de mais de 20 anos, pelo menos 210 mortes de mães e bebés podiam ter sido evitadas se os cuidados prestados no Shrewsbury e Telford NHS Trust tivessem sido diferentes.

A conclusão é de um estudo conduzido por Donna Ockenden, parteira e ativista, contratada pelo Governo britânico para fazer uma análise independente dos serviços de cuidados maternos deste centro hospitalar. No total, segundo a SKY News, foram analisados 1.592 casos, que envolveram 1.486 famílias.

A maioria das mortes foi registada entre 2000 e 2019 – nove são de mães, que segundo o relatório eram evitáveis, e 201 de bebés (131 nasceram mortos e 70 morreram logo após o nascimento).

Segundo apurou relatório, a culpa da morte dos bebés era apontada às mães. No entanto, este considera que existiram, afinal, três falhas principais:

  • Falha em avaliar o risco dos pacientes;
  • Falha em monitorizar os bebés;
  • Falha em não aprender com os erros.

O relatório acrescenta ainda que foi desenvolvida, naquele centro hospitalar, uma cultura que favorecia o parto natural e uma relutância em realizar cesarianas, o que levou à morte de vários bebés.

“Ao longo do nosso relatório final destacamos a forma como as falhas no atendimento foram repetidas de um incidente para o outro. Por exemplo, a monitorização ineficaz do crescimento fetal e uma cultura de relutância em realizar cesarianas resultaram na morte de muitos bebés durante o parto ou logo após o nascimento”, explica Donna Ockenden citada pela SKY News.

Para além de identificar as falhar e revelar as causas, o relatório aponta ainda as razões que podem ter levado a esta situação.

“Não havia pessoal suficiente, não havia o conhecimento necessário e uma liderança eficaz. A cultura de não ouvir as famílias envolvidas era recorrente e culpar as mães pelos maus resultados, em alguns casos até pela própria morte, também. O mais surpreendente é que durante mais de duas décadas estas questões não foram contestadas internamente”, afirmou Donna Ockenden.

A coordenadora do estudo diz ainda que o relatório revela ser necessária uma mudança a nível local e nacional, de forma a garantir que os cuidados prestados sejam sempre profissionais. Ockenden acredita que “no futuro, não pode haver desculpas” e os serviços devem ser “responsabilizados pelos cuidados que fornecem”. O caminho passa por entender a complexidade dos cuidados maternos e receber o financiamento que precisam, indica o relatório.

O Governo britânico já se manisfestou sobre o relatório e garante que, desde que teve conhecimento do relatório inicial, em 2020, que começaram a tomar medidas para investir nos serviços de cuidados maternos.

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