O líder da oposição russa aprisionado, Alexei Navalny, perdeu esta terça-feira o recurso judicial da decisão de ser classificado como criminoso “propenso a cometer crimes de natureza terrorista ou extremista”.
Alexei Navalny, preso desde janeiro de 2021, foi inicialmente designado pelas autoridades como um detido com risco de fuga, implicando um reforço das verificações e inspeções na prisão em que se encontra. Em outubro do ano passado, foi rotulado de “terrorista ou extremista”.
“Estava preocupado que me obrigassem a beijar retratos de Putin ou que tivesse que aprender citações de Medvedev [apoiante do Presidente russo], mas não foi necessário. É que o meu beliche agora tem um rótulo que me descreve como terrorista”, disse Navalny no seu tom satírico habitual sobre a mudança.
A equipa de defesa do russo recorreu judicialmente da classificação, mas um painel de juízes na região russa de Vladimir, cerca de 100 quilómetros a leste de Moscovo, rejeitou esta terça-feira o pedido e decidiu manter a designação.
O maior opositor de Putin foi preso no início do ano depois de regressar da Alemanha, onde estava a recuperar de uma tentativa de envenenamento que, segundo o mesmo, foi orquestrada pelo Kremlin. Na altura, foi condenado a uma sentença de dois anos e meio por violação da liberdade condicional, mas em março foi novamente condenado, desta vez a nove anos de prisão por fraude e desrespeito de acusações judiciais, sentença que considera politicamente motivada.
A decisão surgiu depois de um ano de repressão do Kremlin contra todos os apoiantes do opositor ou de outros ativistas de oposição e de jornalistas independentes. Alguns dos principais apoiantes de Alexei Navalny já enfrentaram acusações criminais e viram-se obrigados a deixar o seu país.
A infraestrutura política dos apoiantes de Navalny, constituída por uma fundação anticorrupção e uma rede de escritórios regionais, também foi destruída depois de ser identificada como organização extremista.
O nome de Navalny e de outros associados aparecem agora no registo de terroristas e de extremistas da Rússia.
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