O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse esta segunda-feira que tem um Governo “forte e sólido” e que “há legislatura até ao final”, depois de o partido socialista, que lidera, ter tido nova derrota eleitoral, no domingo, na Andaluzia.
A direção nacional do partido socialista espanhol (PSOE) reuniu-se esta segunda-feira de manhã para analisar os resultados das eleições regionais na Andaluzia e, segundo o porta-voz do partido, Felipe Sicilia, o primeiro-ministro disse no encontro “que o Governo está forte, que o Governo está sólido e que evidentemente há legislatura até ao final”, o que está previsto para dentro de um ano e meio.
O PSOE teve no domingo o pior resultado da sua história na Andaluzia, a região mais populosa de Espanha (com cerca de 8,5 milhões de habitantes) e considerada durante décadas um bastião socialista.
Em paralelo, a direita do PP teve uma maioria absoluta inédita na Andaluzia no domingo e conseguiu a terceira vitória consecutiva sobre os socialistas em eleições regionais no último ano, depois de Madrid, em 2021, e Castela e Leão, este ano.
O porta-voz do PSOE admitiu, numa conferência de imprensa em Madrid, que os resultados na Andaluzia não foram os esperados e que o partido vai agora fazer uma reflexão e “tirar conclusões”. Para já, disse que o PSOE não conseguiu mobilizar o eleitorado de esquerda, “que ficou em casa”, recusando ter havido transferência de votos dos socialistas para o PP. Por outro lado, afirmou que a nova direção do PSOE na Andaluzia, eleita há sete meses, “não teve tempo de se consolidar” como alternativa ao PP, que se aproveitou dessa circunstância e antecipou as eleições.
Os socialistas recusam também que haja uma “mudança de ciclo” na política nacional espanhola, como reivindica o PP, garantindo o porta-voz que o ambiente na reunião da direção do PSOE “não era de preocupação”, mas de reflexão sobre como voltar a mobilizar o eleitorado andaluz.
Dirigentes socialistas já pediram esta segunda-feira publicamente “autocrítica” e uma “reflexão profunda” do partido após as eleições andaluzas. Um deles foi o presidente do governo regional de Aragão, Javier Lambán, que pediu uma “reflexão muito profunda” após o resultado “tão contundente” na Andaluzia, uma “comunidade tão importante”.
A derrota na Andaluzia não foi só dos socialistas, que elegeram 30 dos 109 deputados do parlamento regional. Também os partidos à esquerda dos socialistas, que integram a plataforma Unidas Podemos com que Sánchez está coligado no governo central, perderam 10 dos 17 deputados que tinham, numa região que tradicionalmente votava à esquerda.
A maioria absoluta inédita do PP é de 58 deputados (tinha 26) e com ela consegue governar sozinho, sem depender da extrema-direita do Vox, como aconteceu em Castela e Leão. O Vox também cresceu na Andaluzia no domingo, região que foi trampolim do partido em 2018, mas ficou aquém do que esperava ao passar de 12 para 14 deputados e ficar sem a chave da governação regional.