O primeiro-ministro britânico não resistiu às dezenas de saídas de membros do seu Governo em apenas 48 horas e, esta quinta-feira, anunciou que está de saída da liderança do partido. Boris Johnson demitiu-se, mas pretende continuar como primeiro-ministro interino até que o partido conservador escolha um novo líder. Foi precisamente dessa forma que chegou ao cargo, depois da saída de Theresa May em 2019.
"É claramente a vontade do Partido Conservador que haja um novo líder e, portanto, um novo primeiro-ministro", disse Johnson à porta de Downing Street, a residência e gabinete oficial do chefe do Governo britânico, admitindo estar "triste por desistir do melhor emprego do mundo".
Vem aí eleições gerais?
Não. No Reino Unido quando um primeiro-ministro renuncia, não há automaticamente eleições. As próximas estão agendadas para janeiro de 2025, mas só o sucessor de Boris Johnson poderá antecipá-las. E é o partido que vai escolher quem assume o cargo, ou seja, o novo líder dos conservadores será o sucessor de Boris Johnson.
Qual o procedimento da eleição?
Os candidatos são sujeitos a rondas de votação, até os deputados conservadores escolherem apenas dois nomes. Depois, todos os membros do partido de todo o país são chamados a escolher um.
Quanto tempo mais vai Boris Johnson manter-se cargo?
Não se sabe ao certo. Pode ser até setembro/outubro ou antes. Na próxima semana será divulgado o calendário de todo este processo que arrancou esta quinta-feira com a renúncia de Boris. Muitas vozes do partido e da oposição pedem que saia de imediato de cena mas não parece ser essa a intenção do primeiro-ministro britânico.
Quem se perfila a sucessor de Boris Johnson?
Rishi Sunak, o ex-ministro das Finanças era nos últimos meses apontado como favorito. Perdeu popularidade por algumas polémicas e políticas. Foi dos primeiros a bater com a porta na recente onda de demissões
Liz Truss, a ministra dos Negócios Estrangeiros que conquistou apoio do partido pelo apoio ao Brexit. É uma das figuras que nos últimos dias declararam apoio a Boris Johnson.
Ben Wallace, secretário de Estado da Defesa subiu recentemente no ranking de popularidade entre conservadores, muito por causa da gestão da Guerra na Ucrânia, sendo apontado como um dos favoritos ao lugar de Boris
Penny Mordaunt, ex-secretária de estado da Defesa demitida do cargo quando Boris Johnson chegou ao poder, conta com um grande apoio entre a ala mais antiga do partido.
Jeremy Hunt, ex-ministro da Saúde e dos Negócios Estrangeiros e da Commonwealth foi o rival de Boris Johnson na segunda volta das últimas eleições no partido. Na altura, o Brexit foi a grande linha divisória entre os dois candidatos.
Desacreditado por vários escândalos ao longo dos seus três anos de mandato, o anterior presidente da câmara de Londres, de 58 anos, tinha recusado até agora demitir-se da liderança dos conservadores e do governo, mas acabou por ceder às pressões do próprio partido.