Mario Draghi disse esta quinta-feira que vai renunciar ao cargo de primeiro-ministro, depois que um aliado da coligação retirar o seu apoio ao Governo. Mas o chefe de Estado Sergio Mattarella já rejeitou a renúncia.
Na manhã desta quinta-feira, o primeiro-ministro italiano venceu uma moção de confiança no Senado, mas o futuro do seu Governo continuou em risco, depois de o Movimento Cinco Estrelas (M5S) ter boicotado a votação, provocando uma crise na coligação.
Depois de ter anunciado que não continuaria no poder sem o apoio do M5S, apesar de o abandono desta força partidária anti-sistema não ser essencial para a continuidade das funções do executivo, Draghi já comunicou a sua decisão no Conselho de Ministros, depois de ter reunido com o chefe de Estado, Sergio Mattarella.
"Quero anunciar que esta tarde apresentarei a minha renúncia ao Presidente da República. A votação de hoje no Parlamento é um acontecimento muito significativo, do ponto de vista político", disse Draghi, durante o Conselho de Ministros, reunido em Roma.
"A maioria da unidade nacional que apoiou este Governo desde a sua criação já não existe e terminou o pacto de confiança que fundamentou a ação do Governo", explicou o primeiro-ministro demissionário.
A razão da rutura entre Draghi e o líder do M5S, Giuseppe Conte, que o antecedeu no cargo de primeiro-ministro, foi um decreto sobre um pacote de ajuda contra a inflação que o movimento de extrema-direita considera "insuficiente".
Mas este foi apenas mais um dos episódios de desavenças entre Draghi e o M5S, que parecia cada vez mais distanciado da estratégia do Governo, criticando mesmo o apoio a Kiev na sua resistência contra a invasão russa."
"No meu discurso de tomada de posse no Parlamento, disse que este Governo só deveria continuar se tivesse uma perspetiva clara de poder implementar o programa que todas as forças políticas votaram", disse o primeiro-ministro, acrescentando que essa "união foi fundamental para enfrentar os desafios destes meses", mas que essas condições já não existem.
A demissão o primeiro-ministro italiano faz cair todo o Governo, que tomara posse em fevereiro de 2021.
Esta quinta-feira à noite, Draghi apresentará o pedido de demissão ao Presidente Sergio Mattarella.