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Correspondente SIC

Tensão entre Israel e Rússia: Moscovo quer proibir delegação da Agência Judaica

Israel era o único aliado dos Estados Unidos que não tinha criticado a invasão russa da Ucrânia.

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Recentemente, o novo primeiro-ministro israelita Yair Lapid criticou abertamente o presidente Putin, provocando uma forte reação de Moscovo, que ameaçou fechar a Agência Judaica. O nosso correspondente Henrique Cymerman informa que a crise pode vir a ter impacto nas eleições israelitas dentro de 100 dias.

Esta é a maior crise entre a Rússia e Israel nas últimas décadas: o apoio do atual primeiro-ministro israelita, o centrista Yair Lapid, à Ucrânia e as críticas à invasão russa e à política de Putin provocaram uma dura reação em Moscovo.

Pela primeira vez, desde o fim da União Soviética, Moscovo estuda a possibilidade de fechar a agência judia na Rússia.

"Segundo as autoridades russas, trata-se de uma questão puramente jurídica. Este é um sinal de alerta para Israel. Se Israel não se comportar como a Rússia espera, vamos cair num precipício", disse o analista político, Michael Pellivert.

A Agência Judia é uma organização com sede em Jerusalém que facilita a imigração de judeus de todo o mundo a Israel e apoia também a educação judaica.

Na Rússia, vivem 150 mil judeus e, desde a invasão da Ucrânia, o número de judeus que abandonam o país está a crescer. Muitos simplesmente temem que a Rússia decida fechar a fronteira, tal como acontecia na época da União Soviética.

"É necessário ter uma abordagem cuidadosa aqui, mas também devemos perceber que todas as organizações devem cumprir a lei russa", afirmou Dmitry Peskov, porta-voz do Kremelin.

No princípio da guerra na Ucrânia, o ex-primeiro-ministro israelita Naftali Bennett mediou entre Putin e Zelensky, e foi um dos poucos líderes ocidentais que visitou Moscovo.

A companhia israelita EL AL é a única companhia do mundo ocidental que continua a voar para a Rússia. Mas, mesmo assim, em Jerusalém continuam os debates, sendo a conclusão que ninguém percebe exatamente quais são as intenções de Putin nesta crise. No entanto, é possível que uma das preocupações seja a fuga de cérebros para Israel.

Além de ser uma potência, a Rússia também controla partes da Síria, através dos montes Golan. Até agora, a força aérea israelita tinha total liberdade de ação para atacar forças iranianas e pro-iranianas na Síria.

A grande pergunta em Jerusalém é se os russos vão continuar a fazer vista grossa às operações israelitas na Síria, num momento de tensão sem precedentes entre Jerusalém e Moscovo.