A trégua no Iémen terminou oficialmente este domingo, sem que tenha sido anunciado um acordo sobre o seu prolongamento, o que ameaça o progresso feito nos últimos meses naquele país devastado por quase oito anos de guerra.
O Iémen é devastado desde 2014 por um conflito entre rebeldes houthis, próximos ao Irão, e forças do governo, apoiadas por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita e que inclui os Emirados. Os houthis controlam a capital Sanaa e grandes extensões de território no norte e oeste do país.
Um cessar-fogo de dois meses, mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU) entrou em vigor em 2 de abril, tendo depois sido renovado duas vezes.
De acordo com a ONU, citada pela Agência France Presse (AFP), a trégua terminou às 19:00 locais deste domingo (17:00 em Lisboa).
O enviado da ONU ao Iémen, Hans Grundberg, deslocou-se nos últimos dias à capital imenita (Sanaa), controlada pelos rebeldes, depois a Omã, na esperança de garantir o prolongamento do cessar-fogo.
Este domingo, encontrou-se em Riade com o presidente do Conselho iemenita Rashad al-Alimi, segundo a agência de notícias Saba Net.
Rashad al-Alimi acusou os houthis de minarem "os esforços para aliviar o sofrimento do povo imenita", apelando a que coloquem o interesse da população em primeiro lugar.
Por outro lado, o líder rebelde Mehdi Machat defendeu que a proposta da ONU "não atende às aspirações do povo imenita", segundo o canal dos houthis Al Massira TV.
Além de um cessar-fogo, a trégua previa uma série de medidas humanitárias, algumas das quais não foram implementadas, com as duas partes a acusarem-se de não respeitarem os compromissos.
De acordo com a ONU, a guerra no Iémen já causou centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, com dois terços da população a necessitar de ajuda humanitária.