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Dia dos Direitos Humanos: do Irão ao Qatar, os países que continuam a violar os direitos básicos

Celebra-se o 74.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

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Assinala-se este sábado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data lembra o dia em que a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração Universal. Em 74 anos, há muitos regimes que continuam a violar os direitos mais básicos dos cidadãos.

Irão

Num dos regimes mais repressivos do mundo, milhares de pessoas lutam nas ruas por direitos básicos há quase três meses. A repressão dos protestos no Irão já causou a morte a pelo menos 500 pessoas e cerca de 15 mil foram detidas. Os números são avançados pela Iran Human Rights.

O rapper Mohsen Shekari foi executado esta semana, acusado de travar uma guerra contra deus. Foi o primeiro iraniano a ser condenado à morte por participar nos protestos. As autoridades do país já tornaram pública uma lista com cerca de duas dezenas de manifestantes que enfrentam a pena de morte.

Milhares de iranianos estão nas ruas desde que Mahsa Amini, uma jovem curda, morreu sob custódia da polícia da moralidade. Foi presa por não usar o hijad.

China

Na China – outro país que não costuma ser elogiado por respeitar a Declaração Universal dos Direitos Humanos – registaram-se acontecimentos raros. As restrições impostas durante os três anos de pandemia e as constantes violações dos direitos básicos da população por parte do regime chinês, levaram milhares de pessoas às ruas das principais cidades da china.

Na resposta, o Governo reforçou a censura e limitou ainda mais o acesso à internet no país. O regime de Pequim tenta a todo o custo impedir a população de consultar notícias em fontes estrangeiras e travar a saída do país de notícias sobre os protestos.

Em junho de 1989, o regime chinês esmagou com tanques os protestos estudantil da praça Tiananmen e matou centenas de pessoas. Com repressão e censura, as autoridades de Pequim conseguiram apagar o episódio sangrento da memória coletiva do país.

Filipinas

Nas filipinas, onde a infame família Marcos está de regresso ao poder, centenas de pessoas marcharam este sábado, na capital do país, em protesto contra o número crescente de execuções extrajudiciais. Queixam-se também dos atropelos aos direitos humanos, praticados pelo Governo do Presidente Ferdinand Marcos Jr.

Os manifestantes, liderados por um grupo de ativistas, juntaram-se frente ao Palácio Presidencial para exigir justiça pelas vítimas e lembrar que há no país cerca de mil presos políticos. Pelo menos 25 pessoas foram detidos desde que o filho do antigo ditador – com o mesmo nome do pai – assumiu o cargo, em junho de 2022.

Entre os manifestantes estiveram famílias de ativistas desaparecidos ou torturados durante os 20 anos de governação do ditador deposto Ferdinand Marcos. Nos protestos participaram também vítimas do ex-presidente Rodrigo Duterte, cuja guerra brutal contra as drogas fez milhares de mortos e está sob investigação do Tribunal Penal Internacional.

Qatar

O Qatar, escolhido pela FIFA para o mundial de futebol que ainda decorre, é um dos países onde os direitos humanos são também ignorados.

Desde 2010 morreram no Qatar pelo menos 6.500 pessoas, a maioria migrantes, que trabalhavam num regime próximo da escravatura. Apesar da discriminação das mulheres e pessoas LGBT e da falta de liberdade de imprensa, a autocensura explica a escassez de protestos.