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Mentor de esquema que garantia entrada de estudantes nas universidades condenado a pena de prisão

Sentença de Rick Singer é a mais longa proferida no escândalo que envergonhou algumas das mais prestigiadas universidades e que destacou o sistema de admissão secreto, já considerado como manipulado a favor dos ricos.

Rick Singer
Rick Singer
CJ GUNTHER

O mentor de uma operação de corrupção para garantir a entrada de estudantes em universidades norte-americanas foi condenado esta quarta-feira a três anos e meio de prisão em Boston, num caso que atingiu famílias ricas e famosas nos EUA.

A sentença de Rick Singer, de 62 anos, é a mais longa proferida no amplo escândalo que envergonhou algumas das mais prestigiadas universidades do país e que destacou o sistema de admissão secreto, já considerado como manipulado em favor dos ricos.

Os procuradores pediram seis anos de prisão, apontando a ampla cooperação de Singer que ajudou as autoridades a desvendar todo o esquema. Singer começou a trabalhar secretamente com os investigadores em 2018 e gravou centenas de telefonemas e reuniões que ajudaram as autoridades a construir o caso contra dezenas de pais, treinadores desportivos e outros, que foram detidos em março de 2019.

Condenados à prisão por participarem no esquema estão, entre outros, a atriz de "Full House" Lori Loughlin, o seu marido estilista Mossimo Giannulli, e a estrela de "Desperate Housewives" Felicity Huffman.

Treinadores de escolas como Yale, Stanford, Georgetown e UCLA admitiram ter aceitado subornos.

"A conduta neste caso foi algo saído de um filme de Hollywood", sublinhou a procuradora de Massachusetts, Rachael Rollins, em declarações aos jornalistas após a sentença.

Singer também foi condenado a pagar mais de 10 milhões de dólares (cerca de 9,4 milhões de euros) em restituição ao IRS e a perder outros milhões em dinheiro e ativos para o governo.

Embora a cooperação de Singer tenha ajudado as autoridades a garantir a condenação de vários réus, os procuradores referiram que este também admitiu ter obstruído a investigação, ao avisar vários dos seus clientes que estavam a ser investigados.

Já a advogada de defesa, Candice Fields, defendeu que o seu cliente assumiu um grande risco pessoal ao usar uma escuta para gravar reuniões e que "fez o necessário" para ajudar o governo.

"A investigação só alcançou a notoriedade que alcançou porque dezenas de réus influentes e às vezes celebridades foram processados" e isso só aconteceu por causa de Singer, lembrou a advogada.

Singer pediu desculpas à família, às escolas e aos alunos: "a minha bússola moral foi distorcida pelas lições que meu pai me ensinou sobre competição. Adotei a sua crença de que embelezar ou mesmo mentir para vencer era aceitável, desde que houvesse vitória. Eu deveria ter pensado melhor".