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Invasão? "Não sei se Bolsonaro mandou, o que sei é que tem culpa", diz Lula da Silva

O Presidente do Brasil voltou a falar sobre a invasão em Brasília, apontando o seu antecessor como o responsável, lembrando que andou “quatro anos a mentir à sociedade brasileira”.

Invasão? "Não sei se Bolsonaro mandou, o que sei é que tem culpa", diz Lula da Silva
Eraldo Peres/AP

O Presidente brasileiro, Lula da Silva afirmou esta quarta-feira que o ex-chefe de Estado Jair Bolsonaro é culpado pelos ataques feitos por radicais às sedes dos três poderes no Brasil.

"Não sei se o ex-presidente mandou, o que eu sei é que ele tem culpa porque passou quatro anos mentindo para a sociedade brasileira instigando que o povo tinha de estar armado", afirmou Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, numa sala lotada de sindicalistas brasileiros.

"A democracia, a gente não garante com armas, a gente garante com cultura, com livro, com debate, com educação, com comida, emprego", frisou Lula da Silva, acrescentando que depois da sua "posse maravilhosa", os atacantes "esperaram dar um golpe por gente preparada".

Estas declarações surgem após o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil dar ao ex-presidente Jair Bolsonaro três dias para explicar o conteúdo de um projeto de decreto que previa que fosse decretado estado de emergência, encontrado na residência de um ex-ministro.

O prazo foi fixado numa decisão do juiz do tribunal eleitoral Benedito Gonçalves, na segunda-feira, que ordenou a inclusão do documento numa investigação contra Bolsonaro por alegado abuso de poder durante a campanha para as eleições presidenciais de outubro.

O texto controverso é o projeto de um decreto que permitiria a Bolsonaro estabelecer o estado de emergência para intervir no mais alto tribunal eleitoral e reverter o resultado das eleições de 30 de outubro, em que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.

O documento foi encontrado pela Polícia Federal na residência de Anderson Torres, que era ministro da Justiça de Bolsonaro e está detido desde sábado sob a acusação de alegada omissão, pois era responsável pela segurança em Brasília quando milhares de radicais invadiram a sede da presidência, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Jair Bolsonaro foi também incluído pelo STF na lista das pessoas sob investigação pelos violentos acontecimentos de 8 de janeiro, como autor intelectual e instigador dos ataques feito por extremistas aos três poderes, em Brasília.

O ex-presidente, que se encontra atualmente nos Estados Unidos, é suspeito de incitar apoiantes a invadir e vandalizar as sedes do parlamento, da presidência e do STF.

Caso Bolsonaro seja considerado responsável por abuso político e utilização de meios de comunicação oficiais a favor da campanha, o tribunal eleitoral pode condená-lo a um período de desqualificação política de pelo menos oito anos.