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Milhares manifestam-se em Madrid contra Governo de Pedro Sánchez

Manifestação em Madrid, Espanha
Manifestação em Madrid, Espanha
Victor Lerena

Sánchez considera manifestantes em Madrid "nostálgicos" de uma "Espanha uniforme".

Dezenas de milhar de pessoas manifestaram-se este sábado em Madrid contra o Governo espanhol do socialista Pedro Sánchez, num protesto convocado por associações da sociedade civil e apoiado pelos partidos da direita e extrema-direita.

O protesto juntou cerca de 31.000 pessoas na praça Cibeles, no centro de Madrid, segundo as autoridades do governo e a polícia, mas os organizadores afirmaram que estiveram 500.000 na manifestação.

O protesto foi batizado como "manifestação das direitas" por parte da comunicação social espanhola, apesar de os organizadores serem cerca de uma centena de associações da sociedade civil, de âmbito nacional e regional, e de os partidos terem estado como convidados, sendo o objetivo ficarem em segundo plano.

Só um dos partidos convidados, o VOX (extrema-direita), enviou à manifestação o seu presidente, Santiago Abascal, enquanto a maior força política da oposição em Espanha, o Partido Popular (PP) e o Cidadãos se fizeram representar por outros dirigentes.

Manifestação em Madrid, Espanha
Victor Lerena

Todos, porém, apelaram à participação na manifestação e o presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, justificou a sua ausência com o objetivo de dar o palco à sociedade civil e assim mostrar ao Governo espanhol a dimensão do descontentamento.

A bandeira espanhola foi praticamente o único símbolo usado pelos manifestantes, que saíram à rua convocados com o mote "Por Espanha, pela democracia e pela Constituição".

O alvo das críticas foram os pactos do Governo liderado por Sánchez com independentistas da Catalunha e do País Basco, "separatistas e herdeiros da [associação terrorista] ETA", como este sábado foram qualificados durante o protesto.

O outro alvo das críticas foram "o assalto partidário" por parte do partido socialista (PSOE) a instituições do Estado, que devem funcionar de forma independente e livre, como o Tribunal Constitucional, o Ministério Público, meios de comunicação social públicos ou o Instituto Nacional de Estatística.

"Não se trata de esquerdas, direitas ou centro, mas de não ficar impávido perante a erosão das instituições, a deterioração da democracia e o debilitamento do Estado", defenderam os organizadores da manifestação num manifesto lido este sábado perante as milhares de pessoas que se juntaram na praça Cibeles de Madrid, que foram interrompendo a leitura do texto com gritos de "Governo, demissão", "Sánchez traidor", "Viva Espanha" ou "Espanha unida jamais será vencida".

Manifestação em Madrid, Espanha
Victor Lerena

"Trata-se de defender a democracia, a Constituição e a Espanha que querem a maioria dos espanhóis, não a que querem os seus inimigos", dizia ainda o texto.

Todo o manifesto insistiu na defesa da "Espanha unida", face aos "seus inimigos", com o texto a lembrar que o Governo espanhol indultou os protagonistas da tentativa de autodeterminação da Catalunha de 2017 e que no final do ano passado mudou o Código Penal para abolir o crime de sedição, que tinha levado à cadeia quem, naquele ano "tentou levar a cabo um golpe de Estado".

Para os manifestantes, que fizeram eco do discurso dos partidos da direita e da extrema-direita, o Governo de Sánchez está sem legitimidade porque recebeu o voto da maioria dos espanhóis com base em promessas de fazer cumprir a condenação dos independentistas catalães, de nunca se aliar com "os herdeiros diretos" da ETA, de lutar contra a corrupção e de "regenerar a democracia".

Sanchez está, porém, "a fazer exatamente o contrário", defenderam.

Sem uma maioria absoluta de apoio no parlamento nacional, Sánchez tem contado e negociado com os independentistas catalães e também com os bascos, além de outras formações mais pequenas, para aprovar leis como o Orçamento do Estado.

Foram também esses partidos que permitiram a tomada de posse do próprio Governo, uma coligação do partido socialista com a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos.

A manifestação deste sábado em Madrid coincide com o arranque de um ano eleitoral em Espanha, que terá eleições regionais e municipais em maio e legislativas gerais no final de 2023.

O manifesto lido este sábado em Madrid terminou com um "apelo a toda a sociedade civil e partidos comprometidos com a ordem constitucional e a soberania indivisível da nação" a fazerem ouvir "o clamor" contra os socialistas e o resto da esquerda atualmente no governo.

Sánchez considera manifestantes em Madrid "nostálgicos" de uma "Espanha uniforme"

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, qualificou hoje como "nostálgicos" os milhares de pessoas que se manifestaram em Madrid este sábado contra o governo que lidera e na quinta-feira em Barcelona em defesa do independentismo catalão.

Para Pedro Sánchez, os "nostálgicos" que estiveram nas ruas de Barcelona na quinta-feira "queriam uma Espanha partida" e os deste sábado, em Madrid, "uma Espanha uniforme".

"Entre uns e outros estão a maioria dos espanhóis, que desejamos a convivência numa Espanha unida e diversa", defendeu, na cidade de Valladolid, num ato do partido socialista espanhol (PSOE), que lidera.

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