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Correspondente SIC

Manifestação em Paris: focos de incêndios nas ruas e confrontos com a polícia

Os sindicatos franceses acusaram o Governo de "brincar com o fogo" ao ignorar a forte contestação social às alterações ao sistema de pensões e reformas.

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A França está a atravessar o sétimo dia de manifestações este sábado contra o plano de aumento da reforma criado pelo Presidente Macron. As greves que estão a decorrer afetam refinarias, transportes públicos e recolha de lixo. Há registo de pequenos focos de incêndio e confrontos com as autoridades, como relata o correspondente da SIC em Paris, Guilherme Monteiro.

Um milhão de pessoas indignadas saíram às ruas para contestar as mudanças ao sistema de pensões e reformas.

As autoridades policiais disseram que na capital francesa foram detidas 26 pessoas e que, entre os manifestantes, se encontravam encapuzados que protagonizaram ataques a diversos estabelecimentos comerciais

A principal alteração proposta pelo Presidente Macron passa por aumentar a idade mínima de reforma dos atuais 62 anos para os 64 anos.

Os sindicatos franceses acusaram o Governo de "brincar com o fogo" ao ignorar a forte contestação social às alterações ao sistema de pensões e reformas, considerando que a posição do executivo francês é "uma provocação".

O principal argumento do executivo francês é o de que é preciso garantir o equilíbrio financeiro do sistema de pensões até 2030 e explica que, se nada for feito, dentro de 10 anos, o défice será de cerca de 150 milhões de euros.

Esta jornada de protesto, a sétima mobilização semanal consecutiva, foi convocada pelos principais sindicatos franceses, liderados pela Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), e contou com a participação do líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, que esteve estado presente na manifestação de Marselha

"Creio que necessitamos de uma saída democrática para esta situação de impasse", afirmou o dirigente partidário da esquerda.

Já o secretário-geral da CGT, Philippe Martínez, desafiou, no início da manifestação de Paris, o Presidente Emmanuel Macron a "consultar os franceses" sobre a reforma que propõe para o sistema nacional de pensões."A maioria é absoluta na oposição a esta injusta reforma e no apoio à mobilização e às greves", salientou Martínez, citado pela agência Europa Press.

A Direção Geral da Aviação Civil (DGAC) pediu este sábado às companhias aéreas que cancelem 20% dos seus voos previstos para este fim de semana em vários aeroportos, incluindo París-Orly, devido à greve dos controladores aéreos.

De acordo com números do Ministério do Interior, adiantados pelo jornal francês Le Monde, estiveram nas ruas 368.000 pessoas em toda a França, incluindo 48.000 em Paris. Assim, é o menor pico desde o início da mobilização a 19 de janeiro.

O Senado continua a rever a reforma, com uma possível votação do texto da Câmara Alta do Parlamento prevista para domingo à noite (12 de Março).

Atualização feita às 21:47 no número de manifestantes.